LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Atriz perseguida em Hollywood por defender a Palestina se pronuncia

Melissa Barrera foi demitida da franquia "Pânico" após criticar Israel

Atriz perseguida em Hollywood por defender a Palestina se pronuncia.Créditos: Divulgação
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A atriz Melissa Barrera, que foi demitida da franquia "Pânico" por se pronunciar em defesa da Palestina e criticar Israel, se pronunciou nesta quarta-feira (22). Em comunicado à imprensa, Barrera afirma que "ficar em silêncio não é uma opção".

"Primeiramente e acima de tudo, eu condeno o antissemitismo e a islamofobia. Condeno o ódio e o preconceito de qualquer tipo contra qualquer grupo de pessoas", inicia a atriz.

Em seguida, ela defende a liberdade de expressão. "Como latina, eu sou uma mexicana orgulhosa e sinto a responsabilidade de ter uma plataforma que me permita o privilégio de ser ouvida e, com isso, tentei usá-la para conscientizar sobre questões com as quais eu me importo e emprestar minha voz a quem necessita", afirma Melissa Barrera.

Posteriormente, Melissa Barrera afirma que todas as pessoas possuem direito à autodeterminação, seja ela qual for. "Toda pessoa nesta terra, independente de sua religião, raça, etnia, gênero, orientação sexual ou status socioeconômico, merece ter direitos humanos iguais, dignidade e liberdade. Acredito que um grupo de pessoas NÃO é sua liderança, e que nenhum órgão governamental deve estar acima das críticas", disse.

Por fim, a atriz afirma que "o silêncio não é uma opção". "Eu rezo dia e noite para que não hajam mais mortes, por menos violência e por coexistência pacífica. Vou continuar falando por aqueles que mais precisam e continuarei defendendo a paz, segurança, os direitos humanos e a liberdade. O silêncio não é uma opção para mim”.

 

Quem é Melissa Barrera


 

Nesta terça-feira (21), rumores de que a atriz Melissa Barrera foi demitida da saga de filmes “Pânico” tomaram a internet. Posteriormente, o Deadline confirmou a informação com a produtora Spyglass Media.

Em comunicado à Variety, a produtora explicou a decisão, afirmando que a atriz haveria sido “antissemita” e que a empresa tem tolerância zero “ao incitamento ao ódio sob qualquer forma, incluindo falsas referências ao genocídio, depuração étnica, distorção do Holocausto ou qualquer coisa que ultrapasse flagrantemente a linha do discurso de ódio”.

O que Melissa Barrera fez

A medida teria ocorrido após a atriz fazer posts pró-Palestina em suas redes sociais. Em uma publicação nos stories do Instagram, a atriz disse: “Eu também venho de um país colonizado. A Palestina será livre”, seguido da frase “eles tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos sementes”.

A atriz teria feito, desde o início da guerra, mais de 400 posts sobre o assunto, nos quais compartilha o que tem acontecido na Palestina, entre pronunciamentos de especialistas e vídeos dos ataques israelenses, segundo compilou uma conta no X (antigo Twitter).

Em uma publicação, Barrera compartilhou um post de outra conta, que relatava que “pessoas da indústria hollywoodiana estão deletando seus posts pró-Palestina por conta de uma nova lista negra em Hollywood”.

A atriz denunciou a prática, que chamou de “censura, silenciamento e intimidação” e ironizou: “Mas eles vão adorar fazer filmes sobre tudo isso e ganhar prêmios daqui a alguns anos”.

Em outro post, que internautas especularam ter sido uma resposta direta à demissão, Barrera compartilhou uma imagem com os dizeres: “No fim do dia, prefiro ser excluída por ter incluído alguém, do que ser incluída por ter excluído alguém”.

Quem é Melissa Barrera

Melissa Barrera é um rosto relativamente novo em Hollywood. Nascida na cidade de Monterrey, no México, a atriz, que hoje tem 33 anos, iniciou sua carreira em 2011, ainda no seu país de origem.

No México, Barrera ficou conhecida por papéis na novela “Siempre Tuya Acapulco”, de 2013, e na série da Netflix mexicana “Club de Cuervos”, de 2017.

Seu primeiro papel em inglês foi na série “Vida”, iniciada em 2018, em que interpretou a protagonista Lyn. Depois, Barrera conseguiu um papel de destaque no musical “Em Um Bairro de Nova York”, filme adaptado da peça da Broadway de mesmo nome.

Em uma crescente no cenário hollywoodiano, a atriz foi, então, escolhida para dar vida à protagonista Samantha Carpenter no revival da saga “Pânico”, lançado em 2022. A tarefa não era pouca coisa.

A franquia de filmes “Pânico” foi um sucesso de público e crítica nos anos 1990, revolucionando o gênero do terror com sua trilogia original. Após uma sequência amada pelos fãs, mas pouco vista pelo público geral, “Pânico 4” (2011), Melissa Barrera teve a difícil missão de liderar o filme que prometia trazer a franquia de volta ao patamar que tinha no anos 1990.

Deu tão certo que, logo que “Pânico 5” foi lançado, um sexto filme da franquia foi confirmado com o mesmo elenco. “Pânico 6” foi lançado em março deste ano e repetiu o sucesso do anterior. Uma nova sequência foi confirmada, mas, após a demissão de Barrera, ela acontecerá sem sua principal protagonista.

No ano passado, a atriz fez ainda outros dois filmes de terror, “O Nascimento do Mal” e “Respire”. Barrera parecia estar construindo sua carreira para se tornar uma nova força do gênero, até o golpe revelado nesta terça-feira.

Quais as repercussões do caso

Com a demissão de Melissa Barrera, a franquia “Pânico” perde sua principal protagonista. Após a notícia correr a internet, rumores começaram a surgir de que Jenna Ortega, que interpreta a irmã de Barrera e segunda protagonista da série de filmes, também haveria deixado seu papel em protesto à demissão da colega de elenco.

A informação da saída de Jenna Ortega do elenco de “Pânico 7” foi confirmada nesta quarta-feira (22) pelo Deadline, mas com uma justificativa diferente. A atriz teria escolhido deixar seu papel como Tara Carpenter por conflitos de agenda com a gravação da série “Wandinha”, da Netflix.

Ainda na terça-feira (21), outra atriz sofreu duras consequências por exercer seu direito de se manifestar publicamente a favor do povo palestino. A vencedora do Oscar Susan Sarandon, conhecida seus papéis icônicos em filmes como “Thelma e Louise” (1991) e “The Rocky Horror Picture Show”(1975), foi desligada de sua agência de talentos, a UTA Agency, que cuidava de sua carreira.