CENSURA

Laerte acusa Caixa de censura ao acabar com exposição por "viés político"

Obra da artista Marília Scarabello recebeu críticas por conter imagens de Arthur Lira, Damares e Paulo Guedes em uma lata de lixo

Laerte Coutinho.Créditos: Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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A cartunista Laerte Coutinho diz ver censura na ação da Caixa Econômica Federal em suspender a exposição “O Grito!”, nesta quarta-feira (25), por conta da obra “Bandeiras”, da artista Marília Scarabello.

A artista, que também estava participando a exposição, se diz surpreendida pelo cancelamento acontecer sob o Governo Lula, apesar de refletir a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro

"A gente, no governo Bolsonaro, daria um suspiro e entenderia que é assim mesmo. Além de tomar todas as providências e se manifestar, claro. Mas era o governo Bolsonaro", afirma Laerte. “Agora, a gente vê que as coisas permanecem.”

A obra censurada trazia uma imagem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em uma lata de lixo junto com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) o ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes.

Ao cancelar a exposição, a Caixa afirmou que identificou “viés político, o que fere as diretrizes do programa”. Laerte rebate o argumento, defendendo que a justificativa é "pura conversa". "A minha exposição está patrocinada pela Caixa. E é o meu trabalho, que é de charge, de humor. Não tem como não ser ideológico, político e partidário", afirma.

A artista complementa: “O que essa censura acaba evidenciando é isso: o campo em que a gente atua ainda é um campo estreito e sujeito a essas coisas, a essas tempestades”.

Ameaças nas redes sociais

Após a censura de sua obra, Marília contou que começou a sofrer ameaças nas redes sociais, e que se viu obrigada a bloqueá-las. 

"Estou sendo agredida e desqualificada. As pessoas xingam, ameaçam. Entrei no olho do furacão, mergulhei em um verdadeiro inferno por uma narrativa falsa sobre o meu trabalho", disse.

Ela também explica que a obra é um “retrato do Brasil e suas múltiplas manifestações”, e que não produziu nenhuma das imagens. "É uma colcha de retalhos. Há protestos pró-aborto, contra o aborto, pró-Bolsonaro, contra o Bolsonaro, contra o Lula, a favor do Lula. Meu trabalho é quase o de um colecionista. Eu não fabrico as imagens que estão lá."