O Rock in Rio, considerado um dos maiores festivais de música do mundo, começa nesta sexta-feira (2) e vai até o dia 11 de setembro. Pela primeira vez na história, o evento será realizado às vésperas de uma eleição presidencial - o primeiro turno do pleito está marcado para 2 de outubro, exatamente um mês após o início do espetáculo.
Diante da proximidade das eleições, espera-se que manifestações políticas marquem o festival, a exemplo do que vem sendo registrado em shows por todo o Brasil. "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*" e "Olê, olê, olê, olá. Lula, Lula" são os gritos que têm dado o tom, quase semanalmente, em inúmeras apresentações musicais no país.
Na última semana, a organização do Rock in Rio, em respeito às leis eleitorais, informou que não será permitida a presença de candidatos no evento. Em maio, porém, Luis Justo, o CEO do festival, afirmou à Folha de S. Paulo que manifestações do público e dos artistas não serão proibidas. "Não vamos impedir que, num ambiente democrático, as pessoas se posicionem, elas têm liberdade de se expressar", disse.
No início de agosto, Lulu Santos, um dos cantores no line-up do Rock in Rio, afirmou que é a favor de manifestações políticas no evento. “Gostaria muito de ver a forma que o público se manifesta. Se eles vão chamar a Anitta (risos). Então, vamos ver. Não posso desenhar isso… É válido se manifestar, mas acho que é orgânico. Não vou me preocupar com quem acha o oposto do que eu acho. Tudo tem um tempo e uma hora. E a hora é essa", declarou.
"Chamar a Anitta"
Quando Lulu Santos aventou a possibilidade do público "chamar a Anitta", ele se referiu a uma cena da última edição do Rock in Rio no Brasil, em 2019.
Na ocasião, o público gritou, durante todo o festival, a frase "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*". Em um desses momentos, a apresentadora Titi Müller fazia uma passagem ao vivo no canal Multishow e ironizou. "Galera tá pedindo Anitta demais", disse Titi, enquanto a plateia entoava o grito uníssono contra Bolsonaro.
Assista
Além deste protesto, o Rock in Rio de 2019 foi marcado por diversas outras manifestações dos artistas. O show de Karol Conka, Linn da Quebrada e Gloria Groove, por exemplo fez um chamado contra as políticas de extermínio do povo negro.
Já o rapper Emicida, durante apresentação da canção "Libre", exigiu liberdade do DJ Rennan da Penha, à época preso, com direito a uma mensagem no telão. Gritos de "Ei, Bolsonaro..." e "Lula Livre", à época também encarcerado, foram entoados pelo público.
Durante as apresentações do DJ Alok, do cantor Tico Santa Cruz e da banda Capital Inicial, a plateia puxou gritos contra Bolsonaro. A apresentação do grupo Francisco El Hombre, por sua vez, também teve tom político. No telão, imagens de Marielle, Ágatha, Dilma, Luiza Erundina, Djamila Ribeiro, Malala, Greta Thumberg e do cacique Raoni foram exibidas, enquanto o grupo cantava "quem não pula é miliciano". A banda ainda carregava uma bandeira do MST e, da plateia, puderam ser ouvidos gritos de "Lula Livre".
Lula in Rio?
Em março deste ano, outro grande festival de música no Brasil, o Lollapalooza, foi marcado por manifestações dos artistas e do público em apoio ao ex-presidente Lula (PT).
A cantora Pabblo Vittar, por exemplo, desfilou pela plateia, ao final de sua apresentação, segurando uma toalha em homenagem ao ex-presidente. Ainda no palco, antes de encerrar o seu show, a artista fez um espacate, o que levou os fãs à loucura, e gritou "Fora, Bolsonaro", sendo correspondida pelo público. Emicida e Marina também protagonizaram gestos de repúdio a Bolsonaro e de apoio ao petista.
O PL, partido do atual presidente, então, acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para censurar as manifestações políticas no festival e o ministro Raul Araújo acatou. Nem o público e nem os artistas, entretanto, respeitaram a decisão e, diante da repercussão negativa, a legenda de Bolsonaro desistiu da ação e pediu seu arquivamento.
Se no Lollapalooza, que aconteceu há 8 meses das eleições, as manifestações políticas deram o tom do festival, espera-se que os protestos contra Bolsonaro e, principalmente, de apoio a Lula, sejam ainda mais intensos no Rock in Rio, dada a proximidade do evento com o pleito eleitoral.
Nas redes sociais já circulam, inclusive, informações de que artistas estão se organizando de maneira conjunta para manifestar apoio a Lula nos shows.
Entre os confirmados no line-up do Rock in Rio, estão inúmeros cantores e cantoras que vêm declarando e pedindo votos em Lula em outras apresentações.
Confira abaixo a lista de artistas que são pró-Lula e que estão confirmados no festival
- MC Carol (show em 3/09 no Palco Sunset)
- Criolo (show em 3/09 no Palco Sunset)
- Racionais (show em 3/09 no Palco Sunset)
- Emicida (show em 4/09 no Palco Sunset)
- Gilberto Gil (show em 4/09 no Palco Sunset)
- Luísa Sonza (show 4/09 no Palco Sunset)
- Marina Sena (show em 4/09 no Palco Sunset)
- Gloria Groove (show em 8/09 no Palco Sunset)
- Duda Beat (show em 8/09 no Palco Sunset)
- Maria Rita (show em 10/09 no Palco Sunset)
- Ludmilla (show em 11/09 no Palco Sunset)
- Liniker (show em 11/09 no Palco Sunset)
- IZA (show em 4/09 no Palco Mundo)
- Djavan (show em 10/09 no Palco Mundo)
- Ratos de Porão (show em 2/09 no Palco Supernova)
- Francisco, El Hombre (show em 8/09 no Palco Supernova)