PIANO ROBÔ

VÍDEO – Piano-robô: brasileiro compõe peça para engenhoca que espanta pela desenvoltura

Não há novidades em máquinas que tocam sozinhas, mas o Disklavier é o primeiro feito com o potencial da era digital; Luiz Castelões é pioneiro no seu repertório

Disclavier.Créditos: Reprodução de Vídeo
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O compositor e pianista carioca, radicado em Juiz de Fora, Luiz Castelões, acaba de lançar no YouTube a suíte em quatro movimentos “Black MIDI” (Midi Negro), composta especialmente para Disklavier. Trata-se de uma espécie de “piano-robô”, um artefato tecnológico desenvolvido pela Yamaha há 40 anos que toca sozinho.

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Até aí, não há grandes novidades em máquinas que tocam sozinhas. O Museu de Utrecht, na Holanda, por exemplo, tem várias caixinhas de música e dispositivos automáticos de séculos atrás que fazem isso. No caso do piano, há a associação com a pianola, uma espécie de “avô do Disklavier” que tocava sozinha, lendo rolos perfurados, mas sem as potencialidades da era digital.

O que espanta no Disklavier, no entanto, é que ele foi projetado totalmente na era digital e, por conta disso, causa perplexidade pela desenvoltura, exatidão e precisão na interpretação pela máquina. Ouça abaixo:

Pioneiro

Castelões, que tem obras interpretadas por grupos de câmara, músicos e conjuntos internacionais desde 2003, na Europa, Ásia e Américas (veja abaixo), é uma espécie de pioneiro na produção de obras para o tal “piano-robô”. O Disklavier carece de repertório mais significativo – há apenas algumas experimentações, porém, sem registro de obras completas escritas para o instrumento.

A obra de Luiz Castelões é parte de uma série de outras do compositor feitas para serem tocadas por máquinas - ou “robôs” - e sucede ao lançamento de seus “2 Realejos Digitais” para sintetizador solo, estreada em novembro de 2022 pelo pernambucano Henrique Vaz e também disponível no YouTube. 

“A utilização de máquinas ou robôs para executar música não tem por objetivo substituir o ser humano, mas apenas possibilitar que a imaginação musical possa ultrapassar as limitações do corpo humano e, assim, criar música que seria impossível de ser tocada por seres humanos”, afirma Castelões.

Assim, a obra inclui velocidades e texturas humanamente impossíveis em sua partitura, mas, sem perder o lirismo. “Estaríamos perante um robô já humanizado, sentimental, musical? A conferir!”, comenta.

O autor

A música de Luiz Castelões começou a ser executada por artistas estrangeiros, primeiramente, na América Latina, chegando aos EUA em 2005 e, em seguida, na Europa, em 2013. Já foi estreada e gravada por grupos internacionais como o East Chamber Music (Canada, 2022), Roadrunner Trio (Holanda, 2020), o Ensemble Linea (França, 2019), o Aleph Gitarrenquartett (Espanha, 2019), o Ecce Ensemble (França, 2018), o Ensemble Mise-En (Coreia, 2018 e 2017), o Quartetto Maurice (Itália, 2016 e 2014) e o Mivos Quartet (Espanha, 2015).

Recebeu prêmios como os do Ibermúsicas (2015), Escola de Música da UFRJ (menção honrosa, 2012), Festival Primeiro Plano (Melhor Som, 2003) e Funarte (Prêmio da XIV bienal de música brasileira contemporânea, 2001).