Na edição desta segunda-feira (12), o programa Roda Vida, exibido na TV Cultura, entrevistou a cantora Liniker que, em novembro desse ano fez história ao se tornar a primeira transexual a receber um Grammy na categoria Melhor Álbum de MPB.
Na entrevista, a cantora falou sobre o momento em que recebeu o prêmio e que ainda está assimilando o fato de ter recebido um Grammy. Ainda no primeiro bloco, ao ser questionada pela jornalista Adriana Couto sobre o começo de sua carreira e com o momento atual, a cantora foi às lágrimas ao responder.
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"Eu queria que você falasse como a sua forma de fazer poesia tem te acompanhado e acompanhado as suas evoluções, as suas descobertas como uma mulher, como uma pessoa que está descobrindo o mundo, uma jovem mulher que está descobrindo o mundo. No primeiro disco a gente vê uma jovem acanhada, sonhando em ter um grande amor e nesse último disco você tem uma mulher muito dona do que ela faz, dona dos seus desejos. A música e a poesia te ajudaram nesse seu trajeto? O que você canta hoje, é algo que você sonha ou é você ainda...?", pergunta Adriana Couto.
Emocionada com a pergunta, Liniker começa a elaborar uma resposta. "Eu fico muito emocionada com essa pergunta, porque a primeira vez que eu dei uma entrevista foi para você [Adriana Couto] e poder voltar nesse processo, depois de tanta coisa, poder falar da poesia em construção, em movimento, é muito poderoso. Me sinto acolhida e acho que a poesia e a palavra tem sido as minhas maiores aliadas desde que eu comecei a querer escrever e querer falar sobre sentir, que é uma coisa tão honesta e até isso é tirado da gente. Então, eu acho que no Remonta [primeiro disco de Liniker] eu era uma pessoa que tinha acabado de chegar [na cidade de São Paulo] ...", neste momento a cantora se emociona e vai às lágrimas.
"Foi a música que me alimentou, foi a música que me fez sonhar, foi a música que fez reexistir e é muito poderoso poder saber que, mesmo quando a gente não tem o que comer - sem romantizar isso -, a esperança de algo coloca a gente em um lugar onde, de repente, eu posso olhar para a minha história e saber que isso passou, saber que isso hoje movimenta sonhos, que isso movimenta uma indústria, que isso fura uma bolha. Desde o Remonta eu venho procurando a Liniker e aí chega em Indigo (disco mais recente da cantora e que recebeu o Grammy) e escrevo 'Lili', que ainda é procurando essa menina, aí eu sonho em 'Lalange' que eu procuro essa criança e não encontro. Essa procura de mim mesma seja a minha função aqui na Terra e compor isso através das minhas músicas, procurando o amor, procurando um lugar confortável, procurando autoestima, amor-próprio... a poesia tem sido uma das maiores conquistas que o universo pôde me dar e uma das maiores preciosidades que eu tenho nutrido", finaliza Liniker.
A íntegra da entrevista de Liniker para o programa Roda Viva pode ser conferida abaixo: