LITERATURA

Torto Arado e Defeito de Cor: Lula indica dois livros para você ler no feriado; conheça

As duas obras foram lidas por Lula durante os 580 dias de prisão injusta na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Lula e o livro Torto Arado, de Itamar Vieira.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en CULTURA el

Curtindo o feriado desta quarta-feira (2) e um descanso de três dias na Bahia, estado onde obteve 6.097.815 de votos - 72,12% dos válidos -, Lula (PT) foi às redes sociais indicar dois livros a seus seguidores, enfatizando sua política de trocar as armas pela Literatura.

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"Como nem todo mundo pode nesse feriado pegar uma estrada e viajar, a #EquipeLula gostaria de indicar dois livros, dos preferidos do presidente Lula", diz o tuite, que recomenda Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, e Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves.

As duas obras foram lidas por Lula durante os 580 dias de prisão injusta na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Escrito por Itamar Vieira, que esteve em ato de campanha com o petista, Torto Arado venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 2020. O título da obra refere-se a um instrumento agrícola arcaico e obsoleto, que simboliza as permanências do passado colonial e as marcas da escravidão na sociedade brasileira.

O livro narra um romance no sertão da Bahia, em que irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Um acidente liga para sempre as duas. 

Vieira, que é servidor público do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) diz que a ideia do romance nasceu do contado com comunidades quilombola da Bahia, que foi levado para sua pesquisa de doutorado sobre estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia.

O romance tem como influências iniciais autores regionalistas da chamada Geração de 30 do Modernismo no Brasil como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz. O autor também cita como influência autores como Machado de Assis, Clarice Lispector, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Raduan Nassar.

Um Defeito de Cor

Lançado em 2006 após 5 anos de trabalho, Um Defeito de Cor é o segundo livro da escritora mineira Ana Maria Gonçalves, que também tem como tema a escravidão no Brasil.

No romance, Kehinde, capturada no Daomé, Benin, aos oito anos de idade, é trazida ao Brasil como escrava e rebatizada como Luiza. O romance é inspirado na vida de  Luísa Mahin, celebrada heroína da Revolta dos Malês, que aconteceu em Salvador em 1835.

Idosa, cega e à beira da morte, ela narra a própria história, marcada por mortes, estupros, violência e pela escravidão, que se confunde com a História do Brasil. 

Com mais de mil páginas, o livro narra de uma maneira original fastos históricos em meio a vida cotidiana da personagem principal. 

A obra conquistou o Prêmio Casa de las Américas na categoria literatura brasileira, em 2007, sendo considerado por Millôr Fernandes o livro mais importante da literatura brasileira do século XXI.