DEFENSORA DA DEMOCRACIA

O que Gal Costa disse em sua última menção direta a Jair Bolsonaro

Musa da música brasileira, que morreu na quarta-feira (9) aos 77 anos, deu uma entrevista em 2021 na qual se posicionou diretamente em relação ao presidente derrotado. Confira

Gal Costa e Jair Bolsonaro.Morte da cantora Gal Costa fez seu passado de luta pela democracia e pela liberdade voltar à tona, sobretudo por conta do governo autoritário de Jair Bolsonaro.Créditos: Redes sociais e Agência Brasil
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Gal Costa, a musa da música brasileira que nos deixou na quarta-feira (9), aos 77 anos, era uma figura fortíssima do cenário cultural nacional e internacional há décadas. Símbolo de resistência em diferentes momentos e em diversos aspectos, Gal não escondeu sua sensualidade diante do moralismo e tampouco escondeu sua condição de bissexual numa época em que um moralismo mofado predominava à força no Brasil, no auge da repressão da Ditadura Militar (1964-1985).

Pulso firme e voz ativa em defesa da democracia e da liberdade de expressão, como todo artista deveria ser, Gal Costa, obviamente, não abaixaria a cabeça a todos os desmandos autoritários e ao governo caótico de Jair Bolsonaro (PL), um entusiasta do regime de exceção e que emula em suas atitudes a truculência estúpida e pobre intelectualmente de seus ídolos do passado.

Em fevereiro de 2021, Gal concedeu uma entrevista ao diário Folha de S.Paulo para comentar o lançamento daquele que seria seu último disco, “Nenhuma Dor”. Em determinado momento, como não poderia deixar de ser, foi instada se posicionar sobre governo Bolsonaro, bem em meio à pandemia e à catástrofe socioeconômica que devastava amplas frações do povo. Ela não fugiu da pergunta e, pela última vez, se dirigiria diretamente ao agora derrotado presidente antidemocrático.

“Tá muito difícil com Bolsonaro. Fora, Bolsonaro. Não sou uma pessoa que entende muito de política, mas acho que o regime democrático é o melhor para se conviver com as diferenças. E acho que o governo tem a obrigação de cuidar das pessoas. Acabar com a desigualdade social. Na pandemia, ficou evidente a miséria e a pobreza. Todo governo tem obrigação de cuidar dos mais pobres, do bem-estar e da saúde do povo. O que é isso, é mais pra esquerda, né?”, disparou a celebrada artista.