Documentário sobre os rolezinhos é premiado em festival nos EUA

À Forum, o diretor afirmou que o prêmio foi recebido com muita alegria por se tratar da estreia mundial e que agora espera que ele seja acolhido pelos festivais do Brasil

Foto: Divulgação
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O documentário “Rolê – Histórias dos Rolezinhos” foi premiado no festival RIIFF 2021, um dos mais importantes nos EUA.

O longa metragem foi agraciado com o "Grande Prêmio Visão", que é conferido aos filmes que são capazes de quebrar barreiras culturais internacionais e "tocar as pessoas ao redor do mundo".

À Fórum, o diretor Vladimir Seixas afirma que recebeu com muita alegria o prêmio, pois, foi a primeira vez que o longa foi exibido e já foi recebido de maneira positiva por um país com uma cultura diferente.

“Esse prêmio tem o caráter da comunicabilidade, e é bacana porque é a primeira vez que o filme é exibido, não é pouca coisa, pois você tem a expectativa de que como ele vai ser recebido em outro país e já na estreia mundial vencer o prêmio voltado justamente para a quebra de barreiras culturais, acho que está funcionando e começando a chegar nas pessoas”, comemorou Seixas.

Dessa maneira, o cineasta afirmou que agora “a maior expectativa é que algum festival do Brasil acolha o filme”.

Dos shoppings para as telas: fenômeno dos “rolezinhos” é tema de documentário

Em entrevista exclusiva à Fórum, o diretor de "Rolê - Histórias dos Rolezinhos", Vladimir Sexias afirmou que o seu filme, além de contar a história e os significados das ocupações dos shoppings por jovens da periferia, é também a história da imobilidade urbana para algumas camadas da sociedade.

“Uma das camadas do filme é a vida e, de uma certa forma a ideia de imobilidade. Quando eu fui gravar com ele (Jefferson/ responsável pelo rolezinho no Internacional Shopping de Guarulhos que reuniu milhares de jovens) o teaser, ele morava numa favela, onde ele nasceu e foi criado, do lado do grande shopping que ele fez o maior rolezinho, que deu 100 mil pessoas confirmada (no evento do Facebook) e foram 5 mil pessoas e deu um rebuliço danado. E depois, quando eu volto, que eu consegui captar o dinheiro para fazer o filme, ele já foi despejado, ele está morando 16 quilômetros mais longe do centro de Guarulhos, está mais na periferia, em um conjunto habitacional e as questões de lazer estão mais difíceis… lazer e vida, né? O trabalho está mais difícil. De uma certa forma, caminhou para trás”, analisa Seixas.

Além de pouco ter desfrutado de todo o debate sobre políticas publicas de lazer e ter sido expulso para ainda mais longe daquele shopping que um dia milhares de jovens ocuparam, Jefferson, em determinado momento do filme reflete que sempre quis estar perto do centro, mas, cada vez mais sua vida é afastada de tal sonho. A reflexão do jovem está diretamente relacionada com a ausência de políticas públicas que pensem uma cidade para todos e não apenas para aqueles que vivem nos centros ou regiões mais abastadas.

“É o direito à cidade, eu quero participar dela, eu que estar no centro e cada vez mais eu me encontro na periferia e eu sigo: então ele (Jefferson) segue jogando o videogame dele, ele segue hoje fazendo delivery, ele é pai de família, a família meio que está toda próximo dele ainda, que é no Condomínio Pimentas, em Guarulhos. Essa dimensão é uma camada central para entender os rolezinhos. Não é uma coisa que você vai entender com uma pessoa da academia, a gente preferiu chegar nessas camadas de vivências”, explica o diretor.

O documentário “Rolê – Histórias dos Rolezinhos” ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

https://www.youtube.com/watch?v=PHB2EuqvDug

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