Com mais de 5,5 milhões de seguidores no Twitter, o ator global Bruno Gagliasso está cada vez mais disposto a entrar no debate político para denunciar o autoritarismo do governo Jair Bolsonaro (Sem partido).
Em entrevista ao portal Uol, Gagliasso, que está no exterior para gravar uma série do Netflix, lamentou as notícias que recebe do Brasil e diz que o país está "no último fiapo" da democracia.
"Sinto que estamos em uma corda bamba. Estamos no último fiapo do que podemos chamar de democracia", afirmou ao comentar sua participação no filme Marighella, que após idas e vindas deve estrear no Brasil em novembro - após ser exibido em diversos países do mundo.
"Ficarei mais feliz ainda quando puder assistir ao filme no Brasil. Já assisti em Cuba com a filha do Che [Guevara], agora em Portugal, em Berlim… Esperar esse filme estrear está sendo agoniante, meu maior desejo é de ver o filme no Brasil", disse o ator, para quem o filme representa "uma porrada, um grito de resistência".
Pai de duas crianças negras - Titi e Bless, ambos nascidos no Malawi e adotados por ele e pela mulher, Giovanna Ewbank, também pais de Zyan -, Gagliasso diz que "vomitou muito" quando interpretava o delegado responsável por perseguir, prender e torturar o protagonista —referência ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, que comandou a captura do biógrafo de Marighella, o jornalista Mário Magalhães.
"Eu vomitei muito, tive muita insônia quando estava gravando", diz Gagliasso, lembrando uma das frases do personagem que lhe causou asco. "Se eu mato preto, eu mato vermelho".
"Como que eu poderia ir para casa e dar um beijo nos meus filhos após falar uma frase dessas?", questiona. "Eu precisava desse tempo sozinho. Foi difícil falar isso para o Seu Jorge, que é um amigo pessoal meu", diz em relação ao cantor, que vive Marighella no filme.