Conforme autorização publicada na edição desta terça-feira (29), do Diário Oficial da União, o ministério da Economia colocou à venda o histórico Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro.
O edifício abrigou entre as décadas de 40 e 50 a Rádio Nacional, da EBC. Foi lá que funcionou o histórico auditório da rádio, onde se apresentaram alguns dos grandes artistas em atividade no país. Na época, a Rádio Nacional era um dos maiores veículos de comunicação do Brasil.
O Edifício A Noite, batizado assim por ter abrigado em seus primeiros anos o hoje extinto jornal A Noite, era o maior edifício da América do Sul na época de sua construção, em 1920.
Seu projeto é do arquiteto Joseph Gire, o mesmo que assinou o Hotel Copacabana Palace e o Hotel Glória, os dois também no Rio.
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro passou a ocupar quatro andares do edifício depois da criação, em 1936.
Devido a dívidas de sua proprietária, a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, o prédio passou a ser propriedade da União em 1940.
Era de ouro do Rádio
Em 1941 estreou na Rádio Nacional o noticiário Repórter Esso e o radioteatro com a primeira radionovela nacional intitulada “Em Busca da Felicidade”. A emissora foi também a primeira do Brasil a utilizar a tecnologia de ondas curtas, o que permitiu a transmissão para todo o território do país.
A Rádio Nacional ocupou os últimos quatro pavimentos do Edifício "A Noite", por onde transitaram ícones da música popular brasileira como Francisco Alves, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Marlene Alves, Emilinha Borba e Cauby Peixoto.
Tombado pelo IPHAN
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ocupou o edifício até 2012. Em 2013, o imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN). No parecer de recomendação do tombamento, o IPHAN ressaltou a importância histórica do "A Noite". “Somos pela finalização da instrução do presente Processo de Tombamento, certos de que o Edifício "A Noite" reúne valores históricos, artísticos e paisagísticos suficientes e inquestionáveis para o devido reconhecimento como Patrimônio Nacional”, diz o relatório.
Na época em que o edifício foi tombado, a intenção da gestão da EBC era criar um Museu da Rádio Nacional no prédio. Porém, a iniciativa acabou não saindo do papel e, sete anos depois, em maio deste ano, o último resquício histórico da rádio, o auditório do radioteatro da Nacional que abrigou programas lendários como o famoso humorístico “Balança Mas Não Cai” foi desmontado. O governo federal alega que o prédio tem um alto custo de manutenção: R$ 300 mil por mês, assim como outros bens públicos no centro do Rio que também se enquadram na Lei 14.011, de 10 de junho, que facilita a venda de ativos da União.
Enxugamento de gastos
Em julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), anunciou o leilão virtual do prédio histórico como uma ação de “enxugamento dos gastos públicos e desperdício de dinheiro do pagador de impostos”.
Com informações da Agência Brasil e do Brasil de Fato