Projeto virtual de Rodas de Leitura beneficia 120 famílias do Morro da Alemão

Escritor indígena Daniel Munduruku terá um encontro virtual com alunos para falar sobre o livro Meu Vô Apolinário

Daniel Munduruku (Reprodução/Facebook)
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O escritor indígena Daniel Munduruku é o segundo autor do Projeto Rodas de Leitura, promovido pelo Instituto Estação das Letras, com crianças e jovens do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Em três encontros pelo Zoom - com as mediadoras Elenice Guimarães, artista plástica, e Vera Bastos, professora -, alunos de 9 a 12 anos estudam, durante julho e agosto, o livro Meu Vô Apolinário.

A obra descreve a trajetória do autor e a descoberta de suas raízes indígenas através dos ensinamentos de seu avô Apolinário, um velho índio da tribo Munduruku que contava histórias dos espíritos ancestrais, aos quais chamava carinhosamente de “avós e guardiões”.

No dia 10 de agosto, Daniel Munduruku se reunirá virtualmente com os participantes do Projeto. A transmissão será aberta ao público, ao vivo, pela fanpage do Instituto Estação das Letras.

"Gosto de pensar que a busca pela ancestralidade é o melhor caminho para alcançarmos a nós mesmos e, assim, encontrar o futuro. Quero lembrar que o passado, a memória é que nos provoca o bem viver. É isso que quero oferecer ao adolescentes do Alemão que são atendidos pela ONG Associação Nagai através do Projeto Rodas de Leitura do Instituto Estação das Letras", afirma o escritor.

Em setembro, os encontros serão sobre o livro de contos de Conceição Evaristo, Olhos D’Água, com mediação da professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira Monique Ferreira. Jovens de 13 a 21 anos lerão sobre a pobreza e a violência urbana, vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a condição humana. E em 14/9 será a vez de estar virtualmente com a autora, que é hoje referência no combate à vulnerabilidade social.

Rodas de leitura
O Instituto Estação das Letras, dirigido por Suzana Vargas, acredita na possibilidade de combater a vulnerabilidade social através de ação cultural e na busca constante pela democratização. O Projeto é uma parceria com a Associação Nagai e vai trabalhar, ao todo, com cerca de 120 famílias do Morro do Alemão, da Favela da Malacacheta, no Rio de Janeiro. As Rodas são virtuais, através da plataforma Zoom, em virtude da pandemia.

Desde 2012, a Nagai desenvolve o Projeto Social Malacacheta de Judô com crianças e jovens no Complexo do Alemão e, com o fechamento das escolas públicas, a Associação está apoiando o projeto com seus alunos, que também são das redes Municipal e Estadual de Educação. “Eles têm uma história na Comunidade e, o mais importante, a confiança das famílias. Nos dão o suporte virtual para as crianças terem acesso às Rodas de Leitura”, justifica Suzana Vargas.

Para Rejane Luna, diretora da ONG e coordenadora do projeto Malacacheta, ser escolhido foi motivo de muita alegria porque o projeto tem como principal objetivo promover o desenvolvimento global dos alunos. “Acreditamos que só a Educação é capaz de romper as barreiras da desigualdade social encontrada por eles e nada melhor que a leitura para que eles possam ampliar sua visão de mundo, expectativas e perspectivas de futuro”.

Esta edição das Rodas, que nasceram e ganharam destaque a partir da década de 1990 com a Suzana Vargas, começaram em junho com o livro Cabeça de Vento, de Bia Bedran, em três encontros mediados por professoras da rede pública de ensino.

O Projeto com as crianças da Nagai faz parte das celebrações pelos 25 anos da Estação das Letras, que em 2017 passou a Instituto Estação das Letras, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos. No ano seguinte, houve um processo de aceleração da Ekloos, colaborando com o compromisso de trabalhos sociais mais bem definidos a cumprir, como este, que conta com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal.

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