Um dos autores do samba-enredo da São Clemente, que abre os desfiles do grupo especial nesta segunda-feira (24) na Sapucaí falando sobre fake news, o ator Marcelo Adnet diz que Jair Bolsonaro tirou os jornalistas de um "lugar de conforto", fazendo uma pressão que chega a ser criminosa.
"Para atuar e criticar quem quer seja, é preciso ter coragem. O jornalista também, ele saiu de um lugar de conforto e está apanhando para caramba. Está sofrendo uma pressão desproporcional, antidemocrática e muitas vezes criminosa. A imprensa não foi feita para passar a mão na cabeça. Já tive várias coisas publicadas a meu respeito que não concordei. Quando é da vida pessoal, quando é mentira, é antiético e a imprensa tem que ser cobrada. Ela pode cobrar e pode ser cobrada, mas não ser ameaçada e vista como inimiga", disse Adnet em entrevista ao portal Uol.
Um dos compositores do samba que foi chamado "O Conto do Vigário", que descreve o país como uma terra de malandros, Adnet conta situações em que foi perseguido por bolsonaristas.
"Uma vez no Humaitá veio uma senhora dizendo que eu apoiava a ditadura cubana. Eu disse 'não, eu não apoio'. 'Mas e o Che Guevara' e sei mais lá o quê. Eu disse: 'Senhora, não sei do que está falando'. "Ah, mas eu li no Facebook que você apoia o Freixo [deputado federal do PSOL], isso quer dizer que apoia Cuba'. É algo virtual, forjado propositadamente para distorcer a opinião pública para um lado. Foi tão distorcido que pessoas que são de centro são consideradas hoje de esquerda, 'tudo comunista'. A Globo, a Folha estão sendo chamadas de extrema esquerda. Não acho que sejam", afirmou.
Ouça o samba da São Clemente