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O médico Gilmar Cosenza e sua esposa, Patrícia, decidiram aproveitar a noite de sexta-feira para assistir a uma apresentação da companhia Shen Yun Performing Arts, em São Paulo. O casal não aguentou nem mesmo ficar até o final do espetáculo, que trazia uma persistente crítica ao governo chinês e exibia dogmas religiosos no telão.
"Supunha que eram artistas chineses em excursão. Eram, mas, radicados em Nova York, fundaram a companhia de artes cênicas Shen Yun", relatou Gilmar à Fórum.
Segundo ele, as coisas já começaram "estranhas" quando tentaram comprar uma cerveja na lanchonete da casa de shows e tiveram a informação de que a companhia proibia a comercialização de alcoólicos. A exigência já dava um sinal do tom religioso da apresentação.
"Pra resumir: propaganda explícita contra o regime chinês, com conotação religiosa", classificou Gilmar, citando uma frase que estava presente no telão: "o ateísmo e o evolucionismo são cânceres para nossa vida".
Ele ainda destaca outros dois fatores que chamaram a atenção: "A insistência, beirando a inconveniência para não se tirar fotos fotos ou filmagens mesmo antes de começar a apresentação. A presença de inúmeros americanos aparentemente mórmons (ou coisa parecida)". "Ficamos boquiabertos e saímos antes do final", concluiu.
Na página oficial da companhia, há uma seção dedicada especialmente para criticar o Partido Comunista Chinês (PCCh). O grupo, formado por praticantes do Falun Dafa - movimento condenado pelo PCCh -, afirma que o governo da China o persegue por "ser oficialmente um regime ateu" e temer "a liberdade de expressão que a nossa companhia de artes desfruta no Ocidente".
O grupo foi destaque de reportagem do The Guardian em 2017, contando sobre a relação conturbada que possui com o governo da China.
Em 2012, a embaixada da China nos Estados Unidos publicou um texto com "fatos sobre a chamada apresentação "Shen Yun" do "Falun Gong" criticando o grupo e a doutrina.