A poeta americana Louise Glück é a vencedora do prêmio Nobel de Literatura deste ano. Apesar de já ter vencido prêmios importantes, como o Pulitzer, o National Book Award e a Medalha Nacional de Humanidades, ela é considerada uma surpresa, pois teve o nome pouco cotado nas apostas para o troféu.
Glück tem 77 anos e é professora da Universidade Yale, nos Estados Unidos. Seus avós eram judeus que emigraram da Hungria, e ela foi a primeira de sua família a nascer no país americano.
Segundo o Comitê, a escritora foi laureada por "sua inconfundível voz poética que, com beleza austera, torna universal a existência individual".
Sem livros publicados no Brasil, Glück é conhecida pela precisão técnica, sensibilidade e uma obra sobre solidão, relações familiares, divórcio e morte. Os temas de seus livros giram em torno de amores fracassados, encontros familiares desastrosos, além de questões de desespero existencial.
A Academia destacou na premiação sua coleção literária publicada em 2006, "Averno", considerada como "magistral" e "uma interpretação visionária do mito da descida de Perséfone ao inferno no cativeiro de Hades, o deus da morte".
Com Glück, o Prêmio Nobel já tem quatro mulheres laureadas neste ano. A vencedora recebeu uma medalha de ouro e dividem 10 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 6 milhões.
Leia abaixo dois poemas de Louise Glück:
"A íris selvagem", Louise Glück
"No final do meu sofrimento
havia uma saída.
Me ouça bem: aquilo que você chama de morte
eu me recordo.
Mais acima, ruídos, ramos de um pinheiro se movendo.
Então, nada. O sol fraco
cintilando sobre a superfície seca.
É terrível sobreviver
como consciência,
enterrada na terra escura.
Então tudo acabou: aquilo que você teme,
se tornando
uma alma e incapaz
de falar, encerrando abruptamente, a terra dura
se inclinando um pouco. E o que pensei serem
pássaros lançando-se em arbustos baixos.
Você que não se lembra
da passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: aquilo que
retorna do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:
do centro de minha vida veio
uma vasta fonte, azul profundo
sombras na água do mar azul. "
"Confissão", Louise Glück
"Dizer eu não sinto medo –
Não seria honesto.
Sinto medo da doença, da humilhação.
Como todo mundo, tenho os meus sonhos.
Mas aprendi a escondê-los,
Para me proteger
Da realização: toda felicidade
Atrai a fúria das Sinas.
Elas são irmãs, selvagens –
No final, não há
Emoção, mas inveja."