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O presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou carta, nesta quarta-feira (23), parabenizando o compositor e escritor Chico Buarque pelo Prêmio Camões de Literatura: “Pelo empenhamento político, pelo amor ao Rio de Janeiro e ao Brasil, pelo trabalho sobre uma língua que, atravessando tanto mar, nos une”, escreveu.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, até o momento, não se manifestou. Chico Buarque foi escolhido de forma unânime como o vencedor pelo conjunto de sua obra; trata-se do mais importante prêmio literário dos países de língua portuguesa.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta onde parabeniza Chico Buarque por Prêmio Camões: “A Globo teve que colocar você no ar”.
Em retribuição, Chico e a namorada, a advogada Carol Proener, enviaram ao ex-presidente uma foto dos dois fazendo o L de “Lula Livre”.
Leia abaixo a íntegra da carta de Marcelo Rebelo de Sousa para Chico Buarque:
"Felicitando o vencedor do Prêmio Camões 2019, Chico Buarque, felicito também o júri que, por unanimidade, lhe concedeu esta distinção, reconhecendo o romancista de Estorvo ou Budapeste, o dramaturgo e argumentista, mas naturalmente também o extraordinário escritor de canções, um dos maiores da língua portuguesa.
Por um lado, entendeu o júri, na continuidade de uma marcante decisão da Academia Sueca, dar à canção, gênero ancestralmente ligado à poesia, um estatuto de dignidade literária. Premiar "letristas" pode ser sujeito a discussão, mas premiar Chico Buarque só pode ser unânime, porque, tal como Bob Dylan para a língua inglesa, as canções de Chico traduzem um profundo conhecimento da tradição poética e um alargamento das fronteiras da linguagem musicada, trazendo um grau de sofisticação inédito à música que se diz, e bem, popular.
Por outro lado, a obra de Chico Buarque, conquistou, ao longo de várias gerações, um incomparável respeito e emoção no mundo lusófono, nomeadamente pelos seus empáticos retratos femininos, pela afinidade com os bons malandros, pelo empenhamento político, pelo amor ao Rio de Janeiro e ao Brasil, pelo trabalho sobre uma língua que, atravessando tanto mar, nos une".
Marcelo Rebelo de Sousa