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Mais de três décadas após o seu lançamento, o Selo Sesc remasteriza e relança o disco “Garoto” do violonista Paulo Bellinati. O álbum conta com 11 faixas de composições clássicas do célebre Garoto (Aníbal Augusto Sardinha/1915-1955), todas interpretadas pelo violonista e estudioso da obra do músico.
[caption id="attachment_174358" align="alignnone" width="300"] Capa Garoto. Foto: Divulgação[/caption]
Paulo Bellinati destaca que o relançamento de Garoto, pelo Selo Sesc, o faz lembrar do percurso percorrido para a gravação do disco em 1986 – o primeiro de sua carreira. “Há 30 anos, tocar Garoto me proporcionou vários encontros com alguns contemporâneos, seus amigos e parceiros com os quais tive a honra de conviver, coletar material, ouvir histórias incríveis e fortalecer o meu trabalho, como Radamés Gnattali e Rafael Rabello.”
[caption id="attachment_174357" align="alignnone" width="256"] Garoto. Imagem: Alexandre Calderero[/caption]
A obra de Garoto é abrangente e complexa. Como quem tem pressa, começou cedo, aos 11 anos de idade, tocando banjo. Seu talento excepcional foi rapidamente reconhecido por seus pares, grandes artistas de sua época, como Radamés Gnattali e Zé Menezes. Garoto acompanhou muitos deles nos estúdios das principais rádios de São Paulo, sua terra natal e do Rio de Janeiro. Chegou a tocar junto com Carmen Miranda em sua excursão pelos Estados Unidos.
Garoto pertenceu a uma geração de músicos inovadores. Valsas, canções, sambas e, sobretudo choros, compõem a sua produção. Conhecida apenas por músicos e por restritos círculos de cultores, esta obra faz parte de uma produção reservada e permaneceu quase inacessível por 30 anos. Ao lado de Gente Humilde e Lamentos do Morro, estão neste disco algumas das mais inspiradas peças já escritas.
Show nesta quarta
O show do relançamento do histórico disco Garoto, que comemora 35 anos, será no Sesc Pinheiros, dia 15 de maio. Para esse concerto, Bellinati remonta o trio de violões que Garoto tinha com seus parceiros Petit e Aymoré, convidando os músicos Israel de Almeida, um dos ícones do violão de 7 cordas no Brasil e o jovem talento Daniel Murray no violão clássico de 6 cordas. No programa, composto em sua maioria por peças de Garoto, arranjadas por Paulo Bellinati para solo, duos e trio, estão as famosas Gente Humilde, Lamentos do Morro, São Paulo Quatrocentão, Quanto Doe Uma Saudade, Sinal dos Tempos, entre outras.
Paulo Bellinati
É considerado um dos maiores nomes do violão brasileiro contemporâneo, além de compositor, arranjador, multi-instrumentista, produtor e pesquisador respeitado. Trabalhou com Steve Swallow, Carla Bley, Edu Lobo, Chico Buarque, MPB-4, João Bosco, Leila Pinheiro e Gal Costa com a qual recebeu o Prêmio Sharp 94 de melhor arranjador pelo disco “O Sorriso do Gato de Alice”. Participa também do grupo instrumental Pau Brasil, um dos mais respeitados do gênero e mais recentemente formou um duo com o violonista Marco Pereira realizando concertos pela Europa, Brasil, USA, gravando o CD “XODÓS” que foi lançado em junho de 2018.
Além disso, tem composições gravadas pelos maiores violonistas e grupos instrumentais da atualidade como John Williams, Los Angeles Guitar Quartet, Sinichi Fukuda, Duo Assad, Quaternaglia, Fabio Zanon, Eduardo Isaac, entre outros. Vários de seus CDs são referência de qualidade no Brasil e no mundo, entre eles o premiado “The Guitar Works of Garoto”(GSP-1991), sobre a obra de Aníbal Augusto Sardinha (Garoto), “Lira Brasileira”(GSP-1997), completamente autoral e "Afro-Sambas" (GSP-1997/Biscoito Fino-2010), em duo com a cantora Mônica Salmaso, ambos indicados finalistas ao Prémio Sharp de Música. Seu "Concerto Caboclo para Dois Violões e Orquestra", encomendado pela OSESP, teve a estreia mundial em junho de 2012 na Sala São Paulo, com os solistas João Luiz e Douglas Lora à frente da OSESP, regida pelo Maestro Giancarlo Guerrero. Em abril de 2013 o Concerto teve sua première nos USA, com os mesmos solistas à frente da Orquestra Sinfônica da Universidade da Carolina do Sul. Recentemente foi lançado o CD “The Book of Signs” (NAXOS) com a gravação inédita deste concerto pela DELAWARE SYMPHONY ORCHESTRA regida por David Amado. Em 2018 Paulo Bellinati dirigiu a Camerata de Violões do Guri-Santa Marcelina.