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O filósofo Michel Foucault viajou ao Irã, em 1978, a convite do jornal italiano Corriere Della Sera, para produzir reportagens sobre a rebelião popular contra a ditatura Reza Pahlavi, o Xá do Irã no poder desde 1941. Em Teerã e Qom, Michel Foucault entrevistou dezenas de pessoas nas ruas que lhe transmitiram informações não divulgadas pelos jornais do Oriente.
[caption id="attachment_171905" align="alignnone" width="285"] Foto: Divulgação[/caption]
Mais tarde, entrevistado sobre sua experiência iraniana, fez uma espécie de balanço de grande interesse. Estas entrevistas, nunca antes divulgadas integralmente, estão no livro “O ENIGMA DA REVOLTA - Entrevistas inéditas sobre a Revolução Iraniana”, pela N-1 Edições.
O lançamento acontece na próxima quinta-feira (11), às 19h, no Tapera Taperá (Av. São Luis, 187 – 2° andar, loja 29 – República). Durante o evento haverá um debate em torno do livro com Lorena Balbino (organizadora do livro), Henrique Vieira (Pastor) e Acácio Augusto, professor de sociologia política pela UVV-ES.
A presença do pastor evangélico neste evento pretende problematizar, no contexto brasileiro, a noção de “espiritualidade política” elaborada pelo filósofo no âmbito iraniano. Essa transposição talvez toque num dos desafios maiores de hoje – como pensar a relação da maioria evangélica no Brasil com a política presente.
Um governo islâmico
O interesse do escritor era antigo. Dois anos antes, ele havia assinado um protesto, junto com Sartre, Simone de Beauvoir e Gilles Deleuze, entre outros intelectuais, publicado no jornal Le Monde, contra “o silêncio das autoridades francesas diante das flagrantes violações dos direitos humanos no Irã”. O que estava ocorrendo no Irã não encontrava eco nas páginas dos jornais. Foucault chegou ao Irã quando um caldeirão fervia o país. Dias antes, o governo atirou contra uma multidão manifestante, matando 4.000 pessoas, data conhecida como “Sexta-feira negra”.
Nestas entrevistas, Foucault evitou políticos profissionais. Falou com religiosos, intelectuais, e, para todos eles, repetiu a mesma pergunta: “O que você quer?”; e da maioria recebeu a mesma resposta: “Um governo islâmico”. Ele compreendeu o que estava por trás dessa disto como uma “espiritualidade política” – um desejo de “tornar-se outro do que se é” - e atribuiu-lhe uma importância decisiva. As entrevistas, chamadas de “reportagens de ideias”, produziram polêmica na França, provocando agressões e xingamentos contra Foucault.
Os textos dão acesso às ideias de Foucault na época sobre a natureza da resistência, do poder, da vontade, da religião, da experiência, do sujeito, sobre Sartre ou os “novos filósofos” – de golpe, é todo um panorama mental que se descortina, de uma riqueza e atualidade extraordinárias. Assim, o filósofo desfez mal-entendidos e desinformações provocadas pela mídia mundial, que tinham uma visão míope sobre o que ocorria no Irã. A experiência de Michel dentro do Irã o transformou, e este livro dá pistas sobre como se cruza esta experiência com sua crítica à sociedade contemporânea.
Ficha Técnica
Título O ENIGMA DA REVOLTA – Entrevistas inéditas sobre a Revolução Iraniana
Autor Michel Foucault
Posfácio Christian Laval
Tradução, organização e apresentação Lorena Balbino
Ano 2019 | 1ª edição
Nº de páginas 144
Dimensões 14 x 21cm
ISBN 978-85-66943-74-0
Preço de capa R$ 45,00
(PRÉ-VENDA – Disponível em março/2019)
Serviço
Lançamento do livro O Enigma da Revolta
Dia 11 de abril, quinta-feira, às 19h, no Tapera Taperá
(Av. São Luis, 187 – 2° andar, loja)