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A ideia é um achado. Mas, nem só de ideias boas vivem as obras. Elas precisam ser bem realizadas. E aqui, no caso do sanfoneiro e pianista Edu Guimarães, ocorrem as duas coisas. Ele tinha como projeto contar – tocar – as memórias do país através da sanfona. E o fez com maestria.
O seu recém lançado “Memórias do Brasil pela Sanfona”, com apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC), passeia com naturalidade e virtuosismo por diversas vertentes ancestrais e contemporâneas da nossa música.
[caption id="attachment_173335" align="alignleft" width="230"] Foto: Divulgação[/caption]
Edu Guimarães é baiano, mas vive em Campinas (SP) há 15 anos. É sanfoneiro e pianista de mão cheia. Causa até estranhamento que já não seja um grande nome da nossa música instrumental. Além disso, é também um grande compositor.
Com influência da música popular brasileira, sobretudo dos nossos grandes músicos, como Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Moacir Santos e Villa Lobos, seus ritmos e diversas vertentes, Guimarães tem uma formação que voa muita além do popular.
Suas composições são bem elaboradas, com melodias e harmonias ricas e ao mesmo tempo saborosas, derramadas, boas de ouvir, daquelas que não dão trabalho pro espectador.
Outra curiosidade a seu respeito é que, apesar ainda dos inúmeros projetos que já realizou vida afora, “Memórias do Brasil pela Sanfona” é o seu primeiro disco.
O álbum conta com, além do próprio Edu Guimarães (sanfona), os músicos Levi Ramiro (viola), Pedro Romão (percussão) e Ramon Del Pino (contrabaixo). Além deles, conta ainda com as participações da cantora Aline Fernandes, Déo Rian (bandolim), Gustavo de Medeiros (guitarra), João Casimiro (bateria) e Marcelo Onofri (Piano).
Os músicos são imprescindíveis na qualidade final do disco. Composições belíssimas como “Minuano”, “Saga do Pau-Brasil”, com a suas variações rítmicas, ente outras, ganham em intensidade e sonoridade a cada participação.
“Memórias de um Bandolim” faz a sanfona soar feito bandolim e vice e versa, com o toque mágico de Déo Rian. Apesar de predominantemente instrumental, o disco ainda ganha uma canção, na bela interpretação de Aline Fernandes. O boi, ritmo maranhense, fica suave, delicado em “Cururupu”.
Quando se aproxima o final, o instrumento, que no álbum já foi a gaita do Sul e o acordeon do Sudeste, vira a sanfona do Nordeste e se derrama no frevo e no forró.
Para completar, vale ainda comentar as lindas ilustrações feitas exclusivamente para o álbum da artista Diana Lanças que estão no encarte do CD. Junto com os textos e poesias lá descritos, ajudam a contar um pouco das memórias brasileiras pela música.
Se você ainda não ouviu falar de Edu Guimarães, seu piano, sua sanfona e sua música, prepare-se. As vezes essas coisas tardam, mas nunca falham.