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Preso e torturado durante o período da ditadura militar, o cantor e compositor Geraldo Azevedo diz que o governo Jair Bolsonaro lembra o período dos anos de chumbo. “Eu tenho medo dessas arbitrariedades feito AI-5”, declarou, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
Ao mesmo tempo, ele acredita que o país não chegará a tanto, mas faz uma ressalva: “Acho que não vai acontecer. O Brasil tem outra estrutura emocional, embora ainda tenham muitas pessoas que comemoraram o golpe de 1964, que é uma coisa nonsense”.
Geraldo, de 74 anos, relembra que foi preso por duas vezes pela ditadura. A primeira foi em 1969, durante o governo do general Artur da Costa e Silva. A prisão durou 40 dias. A segunda ocorreu em 1975, já no governo do general Ernesto Geisel.
Vergonha
O músico se emociona até hoje ao lembrar o que passou. Foi colocado em uma sala encapuzado e totalmente nu. “Faziam uma roda de torturadores e começavam a dar porrada. Eles diziam: ‘Dança filho da puta. Dança!’. Foi muita humilhação e eu fiquei com muita vergonha. Você tem vergonha da humanidade”.
Geraldinho, como é conhecido, diz que de um tempo para cá resolveu falar sobre suas prisões. “Tinha muita vergonha de tudo o que passei”, admite.
Ele relembra outro episódio marcante de sua prisão. “Fui colocado em uma sala de tortura com mais dois caras. Um deles eu consegui conhecer fora da prisão. Era Gildásio, que era cunhado do Henfil. Conheci só pelo nome, porque a gente era encapuzado. O outro cara sendo torturado chamava Armando Frutuoso e morreu ali na sala com a gente”, relata.