Escrito en
CULTURA
el
Acaba de ocorrer, no último final de semana, a cerimônia de entrega do Prêmio Profissionais da Música, no lendário Clube do Choro, de Brasília. Profissionais de todo o mercado da música, desde os que que atuam na criação, na produção e na convergência, reuniram-se para aplaudir os vencedores de 67 categorias (e outras três para os campeões da votação popular). Os homenageados desta versão foram Claudio Santoro (in memorian), Ronaldo Bastos e Genildo Fonseca.
Entre os premiados, vale destacar o violeiro, cantor compositor e luthier Levi Ramiro, que venceu, na categoria “Violas e Violeiros”. Ramiro já foi assunto desta coluna inúmeras vezes, e se depender da profusão de sua produção, ainda o será várias outras. Destaco alguns trechos a seguir:
“Ele é daquelas boas surpresas que o Brasil nos oferece generosamente. Em suas apresentações executa e discorre sobre inúmeros toques de viola caipira. De enfiada mostra um atrás do outro: o cipó-preto, cana verde, pagode de viola, cururu, moda campeira, toada, cateretê, chamamé e por ai afora. Canta as canções, diz qual o ritmo, relembra ao público o que lhe tem sido tirado diariamente.
Diz, com um bom humor muito peculiar, que existem diversos músicos jovens brasileiros formados por métodos americanos que nunca passaram nem perto deste universo. Mais do que isso, que são incapazes, apesar de toda a técnica que possuem, de tocar o intrincado pagode criado por Tião Carreiro, por exemplo.
Apaixonado pela viola caipira desde meados da década de 90, Ramiro passou então a fabricar e compor para o instrumento. Desde então já fez vários discos, todos, de uma forma ou de outra, dedicados à música do mato, à canção popular brasileira feita com a viola. Acaba de lançar o lindo “Remanso”, onde abre mão de canções, seu canto e suas letras e mostra mais uma vez o seu lado instrumentista.”
Ramiro não para. Logo após “Remanso”, lançado em 2015, fez mais cinco álbuns, fabricou inúmeros instrumentos e ainda encontrou tempo para viajar o Brasil de ponta a ponta com o violeiro, escritor e amigo Paulo Freire com um espetáculo onde mostraram suas próprias composições, clássicos caipiras e várias surpresas. Durante as apresentações foram utilizadas a viola caipira e a viola de cabaça, construídas pelo próprio Ramiro.
O giro, que durou dois anos, resultou no livro “Chão, uma aventura violeira”, do violeiro, cantor, escritor e compositor Paulo Freire. Conforme conta o próprio autor, “Chão é o diário de bordo da grande viagem que fiz com o companheiro Levi Ramiro, percorrendo todos os estados brasileiros, com a violinha e nossos causos. Fui guiado e motivado pelo livro ‘Turista Aprendiz’, de Mário de Andrade (sempre ele!), contando nossas descobertas, aventuras, reflexões e aprendizados”, disse.
Destaco o prêmio para Levi Ramiro por todo o seu trabalho e dedicação com a cultura brasileira. O músico, certa vez, disse para este que vos escreve: “Não tenho nada contra a música de lugar nenhum, pelo contrário. Mas sempre achei estranho você chega em qualquer cidade do Brasil e encontrar vários garotos tocando blues na guitarra e dificilmente encontrar um que saiba dois ou três toques da nossa viola caipira”.
Acompanhe Levi Ramiro no Spotify: