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Secretaria de Cultura do estado defende a realização da programação, alegando que o “palco é alugado para arte e cultura, sem preconceito”
Da Redação*
Em lugar de ópera, balé e concerto, um show gospel. Nesta quinta-feira, 5, subuiu ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a bispa Sonia Hernandes, líder da igreja Renascer em Cristo. Ela apresentou o espetáculo Renascer Praise In Concert. A programação provocou estranhamento nos artistas do teatro, que é um equipamento da Secretaria de Cultura do Estado. Com salários atrasados, em decorrência da crise financeira fluminense, eles se ressentem da falta de recursos estatais para se investir nos espetáculos com cantores, músicos e bailarinos da casa.
O texto de divulgação do Renascer Praise In Concert que constava da página do teatro explicava que a bispa, formada em regência, canto e coral, "desde pequena sempre se envolveu com a música". "O Renascer Praise nasceu de duas vontades que combinaram: a de Deus, em querer abençoar o povo e habitar no meio dele (porque a Bíblia diz que Deus habita no meio dos louvores) e a vontade da Igreja Renascer e da bispa Sonia em adorar ao Senhor de todas as formas, com todos os instrumentos e ritmos", continua o texto. Além da bispa, apresentam-se outros artistas do gênero gospel.
Em 2007, a bispa e seu marido, Estevam Hernandes Filho, também fundador da igreja, foram presos pela polícia dos Estados Unidos por evasão de divisas, depois de viajarem a Miami com U$ 56 mil em dinheiro vivo, guardados no fundo falso de uma bíblia. No Brasil, eles responderam por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e estelionato.
A Secretaria de Cultura do Estado defendeu a programação. Sustentou que o palco do teatro "é alugado para arte e cultura, sem preconceito" e citou outros espetáculos de cunho religioso já realizados, como The Great Voices of Gospel, em 2007, a gravação do DVD do Padre Fabio de Melo, em 2013, e um evento da comunidade espírita, em abril deste ano, com a liderança Divaldo Franco.
Os artistas do teatro entendem que o aluguel é uma forma de o Estado levantar dinheiro para a manutenção da casa centenária, mas lamentam não haver recursos para se investir nos corpos artísticos e em seus espetáculos. "Ninguém está feliz com isso, com as condições atuais. A gente queria ópera, balé, concerto, isso, sim. Se não tem, então aluga-se o espaço. De alguma forma tem que ser mantido funcionando. Muita gente está estranhando. Queremos investimentos na produção própria do teatro", disse Pedro Olivero, representante do coro e presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Ação Cultural do Estado.
*Com informações do Estado de S.Paulo
Foto: Youtube