Escrito en
CULTURA
el
O novo prefeito de São Paulo tem planos de tornar toda a rede de bibliotecas públicas da cidade - a maior da América Latina - em Organizações Sociais. Trabalhadores e ativistas, que fizeram um "abraço" no prédio do CCSP, acusam gestão tucana de "desmonte do patrimônio público"
Por Carla Moura, colaboradora da Rede Fórum
Nesta quarta-feira (25), dia do aniversário de São Paulo, cerca de 500 pessoas se reuniram em um ato simbólico em prol da democratização da cultura e contra a política de privatizações de bibliotecas e centros culturais que será promovida pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).
O evento marcado pelo Facebook teve concentração no Centro Cultural São Paulo. O grupo fez o ato de mãos dadas num grande abraço em volta do prédio. O intuito é se posicionar contra os planos do prefeito João Doria e o secretário de Cultura, André Sturm, que pretendem passar a administração de toda a rede de bibliotecas municipais - a maior da América Latina - para Organizações Sociais.
De acordo com os organizadores do ato, o novo modelo poderá colocar em risco a questão do acesso e da democratização do espaços públicos e das programações culturais das unidades.
Leia também: Doria quer privatizar o maior sistema de bibliotecas públicas da América Latina; servidores reagem
Netto Duarte, um dos organizadores do ato, estudante de artes visuais e participante do Coletivo Simbiose Urbana e Movimento Periférico, disse que essa é uma política de desmonte do patrimônio público para poder privatizar e que, na verdade, essa é uma prática comum no país.
Ele ainda contesta a posição do secretário e do prefeito da cidade que alegam que essa não seria uma privatização, mas uma parceria para desburocratizar o processo de licitação e compras de materiais, como lâmpadas e materiais de limpeza, por exemplo. De acordo com Netto, isso não é verdade já que a compra não teria auditoria e nem controle, e que essa parceria já existe na cidade de São Paulo, como é o caso do Teatro Municipal que, com a parceria, teve um desvio de R$18 milhões.
Além do ato desta quarta-feira, grupos ainda se reuniram no mês passado com a presença tanto de bibliotecários quanto de coletivos do MCP( Movimento Cultural Periférico), que agrega fóruns da Zona Leste, Norte e Sul, do M’ Boi Mirim, para discutir e traçar metas contra os desmontes dos órgãos públicos.
"Existe um coletivo que está produzindo e que tem interesse em dialogar e não aceita desmonte dos equipamentos públicos para entregar na mãos de pessoas que só querem fazer da cultura lucro pessoal", disse Netto.
A cidade de São Paulo possui uma rede composta por 107 bibliotecas públicas – entre temáticas, de bairro, centrais, ônibus biblioteca e bosque de leitura. Trata-se do maior sistema de bibliotecas públicas da América Latina, recebendo cerca de 4 milhões de consultas por ano.
Foto: Netto Duarte