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A internet está sendo o melhor veículo para dar voz às escritoras, que antes escondiam seus cadernos nas gavetas ou enviavam originais para as editoras que jamais seriam lidos. As redes sociais transformaram a veiculação da arte, seja em texto ou imagem, além de estimularem o empoderamento e a afirmação de protagonismo das mulheres.
Por Sabrina Coutinho, na Revista Pólen
Quero estrear aqui na Pólen falando sobre dois assuntos polêmicos em alta: mulheres e publicações independentes. Mais especificamente sobre o ápice da polêmica: mulheres que se autopublicam. É muita independência!
Nos últimos tempos o crescimento da autopublicação e dos e-books foi o que mais gerou debates sobre o possível fim do livro como nós o conhecemos e todo aquele receio que surge quando algo novo aparece. Acontece que quem diz que as editoras vão deixar de existir porque tem gente se publicando sem a ajuda delas ou que os livros físicos vão acabar porque agora existem na internet só pode ter uma visão extremamente limitada.
Os hábitos de leitura estão mudando mesmo — a maioria de nós não tem mais o costume de ler textos longos e muitas vezes fecha a janela quando percebe que vai demorar mais de dez minutos nela. Mas isso não significa o fim do livro, e sim uma nova forma de se relacionar com a literatura, que vai além do suporte físico.
Onde entram as mulheres nessa história? Vocês devem ter ouvido falar dos movimentos #leiamulheres e #KDmulheres, que questionam a valorização dos livros escritos por mulheres e a presença de figuras femininas em palestras e debates sobre literatura. O cenário literário já é intimidador para qualquer autor independente com todas as limitações e a insegurança de mandar seu texto para avaliação. Sendo mulher, você precisa encarar todos esses desafios somados à desvalorização imediata do seu trabalho apenas por causa do seu gênero.
Nesse sentido, a internet está sendo o melhor veículo para dar voz às escritoras, que antes escondiam seus cadernos nas gavetas ou enviavam originais para as editoras que jamais seriam lidos. As redes sociais transformaram a veiculação da arte, seja em texto ou imagem, além de estimularem o empoderamento e a afirmação de protagonismo das mulheres. Se engana quem pensa que essas escritoras estão falando apenas sobre feminismo: são artistas que encontraram na internet uma possibilidade de publicar textos sobre aquilo que sabem e gostam, para quem quiser ler.
A cada dia eu conheço autoras, ilustradoras, projetos, ou iniciativas diferentes. Todos maravilhosos e que valem a pena ser acompanhados. Então vou listar alguns deles para vocês também seguirem, curtirem, comprarem os livros, doarem um dinheirinho ou simplesmente ficarem sabendo que existem.
Agridulce
[caption id="attachment_73048" align="alignleft" width="300"] Ilustração de Baia "Agridulce"[/caption]
Quando conheci essa página morri de amores, e não é a toa que suas curtidas têm aumentado exponencialmente. Os desenhos da Báia são sobre empoderamento, preconceito, depressão… Este mês ela está fazendo o especial “Setembro Amarelo”, uma campanha para a conscientização sobre o suicídio. Um projeto paralelo, que acaba de ganhar a própria página, é o “Conte a sua dor”, na qual ela posta trechos ilustrados de relatos sobre opressão e abuso que recebe de seguidoras. Dá uma olhada: https://www.facebook.com/baiaagridulce.
[caption id="attachment_73050" align="alignright" width="217"] Ilustração de Carol Rossetti[/caption]
Ana Laura Nahas
Quase um segundo (Editora Cousa) é daqueles livros para levar no ônibus, para ler na tarde sábado, para se envolver em cada crônica, porque você com certeza vai se identificar com os sentimentos e as situações representados nele. (Além disso, o título é o mesmo de uma das minhas músicas preferidas do Cazuza!). A autora compartilha alguns dos textos do livro em sua página: https://www.facebook.com/ana.l.nahas
Aline Valek
É autora dos livros Pequenas tiranias e Hipersonia crônica e ilustradora de As lendas de Dandara, de Jarid Arraes, além de ter trabalhado em outros projetos. Aline é conhecida por sua newsletter semanal, a “Bobagens imperdíveis”, na qual compartilha muito feminismo e informação em textos literários, reportagens, resenhas e o que mais achar interessante. Seu site é um paraíso de conteúdos interessantes, além de ter um layout maravilhoso, então se perca lá: http://www.alinevalek.com.br.
Carol Rossetti
O projeto “Mulheres” fez tanto sucesso nas redes sociais que agora virou livro. O objetivo dele é quebrar tabus, representar o maior número possível de mulheres e mostrar o que deveria ser óbvio: que todas merecem respeito, dignidade e seus direitos assegurados. Dá uma olhada no site para conhecer os projetos e a lojinha da artista, que tem várias coisas lindas: http://www.carolrossetti.com.br.
Jarid Arraes
[caption id="attachment_73051" align="alignleft" width="245"] As Lendas de Dandara, de Jarid Arraes com ilustrações de Aline Valek[/caption]
As lendas de Dandara é seu livro de estreia, feito em parceria com Aline Valek. Ele traz contos que misturam história, ficção e fantasia, e tem como protagonista Dandara dos Palmares. Antes já tinha publicado mais de trinta cordéis, seguindo a tradição do pai e do avô. É diretora da Casa de Lua e escreve na coluna “Questão de Gênero” da Revista Fórum. O livro: http://www.aslendasdedandara.com.br
Martha Lopes
Em carne viva é o primeiro livro da autora, e também a primeira publicação da Editora Kayá, que nasceu na Casa de Lua. A obra é a reunião de 28 poemas que traduzem a autora, seu cotidiano e sua feminilidade. Vale a pena conhecer mais sobre a editora, que está no início mas chega com projetos bem legais para acompanhar e torcer para dar certo: http://www.kayaeditora.com.br.
Essas são algumas das muitas mulheres que estão usando as redes sociais para expressar seus posicionamentos e sentimentos. Conhece uma artista que vale a pena acompanhar? Compartilha aqui nos comentários! Vamos trocar dicas e prestigiar o trabalho dessas mulheres todas!
Foto de capa: Reprodução / Facebook