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Com curadoria do Museu de Arte Moderna de São Paulo, sócios têm acesso a obras de arte a preços mais baixos e contribuem com o acervo e manutenção do espaço. Projeto também fomenta a produção artística contemporânea no país
Por Anna Beatriz Anjos e Guilherme Franco
[caption id="attachment_62838" align="alignleft" width="247"] Obra de André Komatsu, que participou da edição de 2013 do Clube de Gravura (Foto: Acervo MAM)[/caption]
"O ato de colecionar é a maneira mais lúdica de se encapsular emoções. Sejam selos, livros, filmes ou obras de arte, com certeza representam momentos e experiências que marcaram a vida da pessoa." Esta é a forma como o ator e crítico de cinema Octavio Caruso define a atividade promovida pelos Clubes de Colecionadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
Criado em 1986, o Clube da Gravura foi o primeiro, seguido pelo Clube da Fotografia, em 2000, e pelo Clube de Design, em 2010. Todos existem graças à parceria com os artistas, cujas obras, além de enviadas ao sócios, alimentam o acervo do MAM – até o momento, 215 peças já foram doadas por eles ao museu.
"O principal foco do Clube de Colecionadores é incentivar o colecionismo e o acervo do museu, proporcionando às pessoas que gostam de arte e que também já conhecem arte formar uma coleção com o aval de curadores e do Museu de Arte Moderna de São Paulo", afirma Fátima Pinheiro, coordenadora do clube.
Os associados recebem, ao longo do ano, um total de cinco obras de arte, selecionadas pelos curadores de cada clube. Provas de artista de cada obra são incorporadas à coleção do museu.“São [obras de] artistas renomados e jovens participantes do cenário da arte brasileira contemporânea”, explica Pinheiro. Os pintores e desenhistas Nelson Leirner, Edith Derdyk e Ester Grinspum são apenas alguns dos diversos nomes que já passaram pelo projeto.
Na edição de 2015, o Clube de Fotografia traz obras de artistas como Paulo Bruscky (Recife/PE) e Coletivo Garapa (São Paulo/SP). O Clube de Gravura conta com a participação de Marilá Dardot (Belo Horizonte/MG) e Sérvulo Esmeraldo (Fortaleza/CE), entre outros. Já o Clube de Design distribuirá produções de Rodrigo Ambrósio (Maceió/AL), Neute Chvaicer (São Paulo/SP) e outros três designers.
O advogado Jorge Alex, de 56 anos, morador de Belém (PA), participa há cerca de sete anos dos três grupos. Para ele, os clubes de colecionadores, como o mantido pelo MAM, permitem uma "dupla democratização" da arte no Brasil. "Democratizam o acesso à arte, não só porque os preços são mais acessíveis, mas principalmente porque são obras de excelente qualidade, escolhidas através de um processo de curadoria que assegura que você tenha uma visão bastante ampla da produção artística no Brasil e até em parte do exterior", argumenta.
"Em segundo lugar, acho que democratizam o olhar sobre as artes plásticas no Brasil, a partir do momento que vocês escolhe artistas que não fazem parte do eixo Rio-São Paulo – o mais relevante em termos culturais, de produção artística –, mas valoriza também os trabalhos de outras regiões do Brasil, que são tão ricos e interessantes quanto", adiciona o advogado.
O médico Marcelo Valente, de 29 anos, também aprecia as possibilidades abertas pelas associações de colecionadores. Integrante dos clubes de Gravura e Fotografia desde 2013, ele, que vive em Santo André, no ABC paulista, coleciona obras de arte desde os 18 anos. "Queria ficar mais próximo do museu. Sempre gostei de frequentá-lo, participar de suas atividades, e o clube era uma forma de eu conseguir isso: juntar essa oportunidade à chance de ter obras de arte de artistas bacanas para a minha coleção", afirma.
"Por exemplo, posso participar de aberturas de exposições, de visitas guiadas, tanto no MAM, como em outros museus, de mesas de discussão sobre arte moderna com curadores e artistas. Além disso, você também tem viagens organizadas", assinala. Valente conta que já indicou a experiência para vários amigos que gostam de arte.