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Livro que reúne o trabalho do fotógrafo Ratão - morador da favela da Maré - traz novas narrativas e olhares das comunidades do Rio de Janeiro; "Percebi, com o tempo, que minhas principais pesquisas fotográficas se conectavam por uma ideia comum: resistência. Talvez essa seja a palavra que defina o cotidiano da Maré, um lugar que luta diariamente contra as arbitrariedades do Estado e tem a sua imagem distorcida pela mídia tradicional"; confira algumas imagens
Por Redação
Acontece nesta quarta-feira (4), a partir das 18h na Casa Daros (Botafogo - Rio de Janeiro), o lançamento do "Em Foto", primeiro livro do fotógrafo carioca Ratão Diniz. A publicação reúne mais de 200 imagens produzidas por Ratão - que nasceu e vive na favela da Maré - ao longo dos últimos 10 anos sob um olhar sensível e diverso. Além das fotografias, o livro acompanha relatos pessoais do fotógrafo, que contextualiza as personagens e a situação em que as fotografias foram captadas.
Fotógrafo da Agência Imagens do Povo, Ratão já participou de exposições e projetos no Brasil e no exterior e já teve suas fotos incluídas em outros livros. Essa, no entanto, é a sua primeira publicação exclusiva.
A obra é uma interessante possibilidade de entrar em contato com outros olhares e interpretações da comunidade da Maré, tão estereotipada pela imprensa tradicional por conta dos recorrentes episódios de violência policial. Atualmente, a favela está tomada pelas Forças Armadas.
"A Maré foi meu primeiro tema de documentação e talvez o meu maior desafio até hoje seja fotografar a Maré, captar a diversidade das coisas que me são próximas”, afirma o fotógrafo.
Dividida em quatro sessões - Favela, Graffiti, Festas Populares e Interior - a obra ilustra bem o conceito que Ratão faz questão de afirmar que carrega: o da resistência.
"Percebi, com o tempo, que minhas principais pesquisas fotográficas se conectavam por uma ideia comum: resistência. Talvez essa seja a palavra que defina o cotidiano da Maré, um lugar que luta diariamente contra as arbitrariedades do Estado e tem a sua imagem distorcida pela mídia tradicional. As festas populares enfrentam e sobrevivem num mundo globalizado onde se valoriza cada vez menos as tradições de um povo. O graffitti é uma linguagem artística que busca dar visibilidade para os problemas sociais das periferias. As comunidades do interior do Nordeste brasileiro vivem à margem dos progressos econômicos e sociais do país, mas para mim o que sempre chamou atenção foi seu povo guerreiro e sua luta cotidiana. E são os migrantes vindos desses locais que compõem a imensa colcha de retalhos afetiva dos espaços periféricos das grandes cidades. Seja na periferia de Recife, de Vitória ou na Maré", analisa em um dos trechos do livro.
O evento de lançamento contará ainda com um bate-papo com Dante Gastaldoni (professor de Linguagem Fotográfica na UFF e de Fotojornalismo na UFRJ) e Marizilda Cruppe (fotógrafa).
Confira algumas imagens
Serviço:
“Em Foto”, de Ratão Diniz – com bate-papo do autor com os fotógrafos Dante Gastaldoni e Marizilda Cruppe
Data: 4 de março
Hora: 18h
Local: Casa Daros (Auditório) Rua General Severiano, 159
Rio de Janeiro – RJ
Fotos: Ratão Diniz/Divulgação