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O jornalista Luiz Carlos Azenha, um dos autores do livro "O Lado Sujo do Futebol", conta como João Havelange e Ricardo Teixeira entregaram o futebol brasileiro às grandes corporações globais do ramo - e como lucraram com o negócio
Por Anna Beatriz Anjos, da Fórum Semanal
"A gente até brinca, em certa altura, que o Teixeira e o Havelange foram office-boys do dinheiro que está por trás do futebol e que vem dos grandes patrocinadores, especialmente das empresas que investem muito no futebol, que são a Adidas e a Nike." É assim que o repórter Luiz Carlos Azenha se refere aos dois cartolas que mais tiveram influência no Brasil. Eles são, de certa forma, os protagonistas do livro "O Lado Sujo do Futebol" (Editora Planeta), que escreveu junto com os colegas Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni e Tony Chastinet.
A investigação se iniciou em 2011, quando os jornalistas, à época funcionários da TV Record, produziram a série especial de reportagens "Cartolas: Jogo Sujo", sobre os bastidores do futebol brasileiro. Depois que a sequência acabou, eles continuaram apurando. O resultado é o livro, lançado na última terça-feira (3) em Brasília, e há duas semanas, no dia 23 de maio, em São Paulo.
Em pouco menos de 400 páginas, os autores explicam quem são João Havelange e Ricardo Teixeira, como ascenderam ao poder e, mais importante, como nele se mantiveram durante décadas. "Eles mandaram juntos no futebol brasileiro por 60 anos", conta Azenha.
Para isso, as parcerias firmadas pela dupla foram fundamentais. Azenha ressalta: "Parceiros não são parceiros por amizade, são parceiros de negócios, atuam juntos. .São detalhadamente abordadas as alianças entre Havelange e Horst Dassler, fundador da Adidas; entre Teixeira e Sandro Rosell, que já foi alto executivo da Nike e até recentemente presidia o FC Barcelona; e entre os dois mandatários e a TV Globo, que monopoliza as transmissões do futebol no Brasil.
Quanto às transmissões, inclusive, Azenha tece duras críticas. "É totalmente desigual o futebol brasileiro. Quem ganha dinheiro com transmissão é Corinthians e Flamengo, especialmente. Isso é uma falta de visão do esporte, do futebol, como algo que é de interesse público", analisa. "O futebol brasileiro reproduz o modelo de concentração de renda que há no país, e o Teixeira nunca fez absolutamente nada para mudar essa situação – pelo contrário, só trabalhou para aprofundá-lo."
À Fórum, o jornalista falou, também, sobre os escândalos de desvio e lavagem de dinheiro comandados por Havelange e Teixeira - com destaque para o caso envolvendo a empresa Sanud, destrinchado no livro. Confira na íntegra a entrevista:
[caption id="attachment_3149" align="alignleft" width="277"] "O Lado Sujo do Futebol" nasceu de uma série de reportagens especiais produzida pelos autores em 2011. À época, eles eram funcionários da TV Record (Foto: Divulgação)[/caption]
Fórum - O quão presentes na Copa do Mundo estão Ricardo Teixeira e João Havelange, mesmo não ocupando cargos diretivos? Eles ganham dinheiro com o campeonato?
Luiz Carlos Azenha – Em primeiro lugar, você tem a Joana Havelange, que é filha de um e neta e outro, e ocupa um cargo alto. Mas o mais importante nem é isso, o mais importante é que, antes de sair da CBF, o Teixeira deixou tudo esquematizado para que seus parceiros continuassem ganhando dinheiro na Copa. Seus grandes parceiros da área do turismo, os irmãos Abraão [Wagner e Cláudio], donos de uma empresa grande, o Grupo Águia, têm direito de vender metade dos pacotes mais caros da Copa, e vão levar uma bolada por conta disso.
Ele saiu, mas ajudou a renovar o contrato da Globo, que vai transmitir a Copa até 2022. A emissora sempre foi uma parceira de logo prazo dos dois [Teixeira e Havelange]. Renovou o contrato com a Nike, que também o ajudou muito. Renovou, ainda, o contrato com a empresa do Qatar que promove os amistosos da Seleção Brasileira – foi até lá para assinar. Parte do dinheiro desse último contrato vai para um dos seus grandes sócios, Sandro Rossel, ex-presidente do Barcelona que caiu por conta da negociação do Neymar. Até o próximo presidente, já eleito, da CBF [Marco Polo del Nero] é um aliado dele.
Essas pessoas só continuam lá porque são parceiros comerciais do Teixeira – é o que detalhamos no nosso livro. Parceiros não são parceiros por amizade, são parceiros de negócios, atuam juntos. Obviamente, quando na presidência na CBF, isso não podia aparecer. Por exemplo, ele recebia o dinheiro – e agora sabemos, porque demonstramos no livro – pelos direitos de transmissão no Brasil. De uma forma indireta; ele não ia colocar lá o seu nome, dizer “olha, estou recebendo”. Mas, no fim das contas, ficou provado. A função dele, como presidente da CBF, era fazer com que houvesse a renovação periódica dos direitos de transmissão aqui no Brasil, conjuntamente com o Havelange.
Fórum - Qual foi o papel de João Havelange para que o poder das emissoras de TV aumentasse tanto no meio futebolístico, com essa questão dos direitos de transmissão?
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Azenha –Ele foi um cara importante porque foi ousado. Foi uma troca de favores com o fundador da Adidas, Horst Dassler. Ele [Dassler] imaginou que pudessem ser criados grandes pacotes de patrocínio. Como? Pensou: “vou organizar o evento, a transmissão, e ofereço esse pacote para os patrocinadores. Eles vêm, patrocinam o evento e também as transmissões”. O marketing esportivo deve muito a ele.
O João Havelange foi instrumental para o Dassler porque fez um acerto com ele. O Dassler arrumou para o Havelange um contrato com a Coca-Cola que lhe permitiu pagar seus compromissos de campanha. Como ele fazia? Montava escolinhas de futebol no mundo inteiro, patrocinadas pela Coca-Cola. Com isso, fez sua política terceiro-mundista, porque levava essas escolas para a África, por exemplo. Levou dinheiro para federações do mundo todo, que retribuíram com votos. Além disso, foi o cara que deu à ISL [International Sport and Lesiure], que era a empresa ligada à Adidas e ao Horst Dassler, praticamente o mesmo monopólio que Globo tem no Brasil com as transmissões de futebol. Mesmo quando surgiu uma competidora que ofereceu mais dinheiro do que a ISL pelas transmissões da Copa do Mundo, ela perdeu a disputa [como está explicado no livro, nas Copas de 2002 e 2006, a empresa norte-americana IMG ofereceu proposta maior do que a da ISL e avisou que podia aumentá-la, mas, ainda sim, foi preterida]. A mesma coisa aconteceu por aqui: a Globo não fez a maior proposta, mas ganhou. Por quê? Por poder político.
A gente até brinca, em certa altura, que o Teixeira e o Havelange foram office-boys do dinheiro que está por trás do futebol e que vem dos grandes patrocinadores, especialmente das empresas que investem muito no futebol, que são a Adidas e a Nike.
[caption id="attachment_3152" align="alignright" width="387"] De acordo com o livro, Ricardo Teixeira nunca foi bom jogando futebol. Se envolveu com o esporte quando passou a namorar Lúcia Havelange, filha de João Havelange, que já era um cartola conhecido (Foto: Marcello Casal JR/ABr)[/caption]
Fórum - Em 2000, foi instaurada na Câmara dos Deputados a CPI da CBF/Nike, que revelou uma ligação estreita entre Ricardo Teixeira e a empresa de material esportivo. Quais benefícios trouxe esse contrato para ambos os lados?
Azenha – A Nike começou disputando os esportes americanos, mas percebeu, a certa altura, que precisava dar um salto internacional. A Nike é uma empresa provinciana, de Beaverton, no Estado de Oregon, interior dos Estados Unidos; não tinha, no começo, essa visão mais globalizada do mundo. Depois que ela dominou o mercado americano, partiu para o mercado mundial, e, para isso, precisava de seleções – dentre elas, a principal. Com qual seleção você bota o pé no futebol para ficar conhecido? Com a brasileira. Então, para Nike, o grande benefício foi esse: conseguiu um contrato que lhe dava vantagens difíceis de alcançar em outros lugares. Por exemplo, marcar jogos da Seleção Brasileira tendo em vista os mercados que interessavam a ela; não vou dizer escalar diretamente, porque não tem cláusulas dizendo que podia fazer isso, mas tinha maneiras de exigir que os principais jogadores estivessem no campo. De certa forma, com esse contrato de patrocínio, ela conseguiu uma ingerência na Seleção Brasileira. Especialmente porque, depois que o contrato foi firmado, veio para cá o Sandro Rosell [ex-executivo da Nike], que se tornou um grande amigo do Teixeira, e havia entre eles um trânsito muito grande nos bastidores. Não é por outro motivo que o Neymar acabou no Barcelona. Com certeza, a proposta foi gigantesca – e só agora estamos sabendo dos detalhes, das coisas subterrâneas, bem no estilo que é marcante para o Teixeira e para o Rosell, que acabou caindo por causa do negócio -, mas houve propostas maiores. Aí é possível ver como eles atuaram em conjunto, principalmente a partir de 2002, 2003, até muito recentemente.
[caption id="attachment_3282" align="aligncenter" width="454"] Ilha onde Ricardo Teixeira comprou sua mansão mais recente, em Miami, Flórida, no valor de U$7,4 milhões. De acordo com os autores, a casa, que tem sete quartos e oito banheiros, pertencia à tenista Anna Kournikova. A foto mostra o canal por onde Teixeira, se quiser, pode sair de barco para a baía de Miami (Foto: Arquivo dos autores)[/caption]
Do ponto de vista do Teixeira, foi o dinheiro que garantiu a ele a autonomia financeira dentro da CBF. Com os recursos da Nike, ele conseguiu se afastar do dinheiro público, que poderia lhe render muita dor de cabeça. Afinal, quando há dinheiro público envolvido, o Tribunal de Contas fica em cima, o Ministério Público, também. Então, ele tirou o dinheiro público do futebol brasileiro da CBF, que ele chama de uma entidade de direito privado. Só que ela lida com símbolos nacionais - a Seleção, seus jogadores, o hino nacional. Ele [Teixeira] faturou muito em cima desse negócio, que é, na verdade, público, como se fosse privado. E aí colocou seus amigos lá e fez uma administração voltada, acima de tudo, para o benefício desses amigos.
Se ele tivesse utilizado qualquer fundo público, ficaria submetido à fiscalização, como aconteceu naquele amistoso da Seleção Brasileira com Portugal [em 2008]. Ali, foram usados 9 milhões de reais do Distrito Federal. Aí, ele se deu mal, houve processo, foi a polícia, todo mundo pra cima dele, porque envolvia fundos públicos. De forma esperta, quando tirou o dinheiro público do futebol brasileiro, se perdeu alguma coisa, do outro lado ganhou, no sentido de que teve liberdade de fazer o que quisesse. Ele sempre usou a CBF para seus negócios pessoais, tanto que as ações que moveu contra jornalistas foram defendidas por advogados da entidade, não particulares. O Teixeira fez o que quis.
Fórum – Em algumas passagens do livro, vocês citam a blindagem que garantiu o poder a Ricardo Teixeira por mais de duas décadas. Quem eram os principais integrantes desse “escudo”?
[caption id="attachment_3154" align="alignleft" width="302"] Ainda de acordo com "O Lado Sujo do Futebol", João Havelange adotou Ricardo Teixeira como um filho (Foto: José Cruz/ABr)[/caption]
Azenha – Tem gente de todas as áreas. Uma coisa importante foi que ele montou uma “Bancada da Bola” no Congresso. O Eurico Miranda [ex-deputado federal e ex-presidente do Vasco da Gama], que por um tempo foi seu desafeto, depois o defendeu nessa bancada. Ela tinha deputados que o defendiam, ou por financiamento de campanha, ou por troca de favores. Promoveu torneios de delegados federais na Granja Comary, em Teresópolis [no Rio de Janeiro, onde fica o centro de treinamento da CBF]. Levou desembargadores e juízes para as copas da França, dos Estados Unidos. Pegou dinheiro da CBF e investiu em setores que considerava essenciais para si mesmo.
No livro, a gente até mostra a decisão de um desembargador; não dissemos que ele havia sido comprado, nem nada, só estranhamos os termos que usou. É possível ler a transcrição do que ele escreveu.
O Teixeira conseguiu ações essenciais para trancar investigações públicas no Brasil. Ou podemos dizer que seus advogados são espetaculares, ou que ele tinha uma influência política muito forte – o futebol tem. Ele se valeu de tudo que esteve ao seu alcance, inclusive com dinheiro da CBF, para defender suas questões pessoais.
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Fórum – Pode-se dizer que o bom relacionamento de Teixeira com diversos parceiros políticos e econômicos se deve à sua proximidade – familiar, inclusive – com o João Havelange?
Azenha – Eles mandaram juntos no futebol brasileiro por 60 anos. Houve um momento em que o Havelange mandava e o Teixeira aprendia com ele. É difícil separar um do outro. A separação só se deu com o rompimento do casamento entre Teixeira e Lúcia, a filha de Havelange.
O Teixeira extraiu o máximo do relacionamento com o ex-sogro, herdou algumas de suas relações e desenvolveu outras. Talvez a mais importante tenha, de fato, sido com o Sandro Rosell, que lhe deu proximidade às decisões da Nike – uma segurança muito grande para fazer negócio –, e se tornou um parceiro europeu de contatos comerciais fortíssimos também nos bastidores. Eles tramaram as coisas juntos, para que, em conjunto, ganhassem dinheiro com o futebol brasileiro. É isso que descrevemos no livro.
Fórum - O livro também aborda a questão da elitização dos estádios de futebol, que têm sido convertidos em grandes arenas multiuso. Os ingressos ficaram mais caros para “qualificar” o público (no jargão do marketing); nesses espaços, parece que o jogo de futebol é o evento menos importante: o consumismo dos torcedores é estimulado a todo momento por meio de lojas que vendem produtos oficiais. O quanto a gestão de Teixeira na CBF contribuiu para isso?
Azenha – A visão do Teixeira sobre futebol é privada, ou seja, futebol é para dar lucro. Qual o sentido de, hoje, a CBF estar riquíssima, com um monte de dinheiro em caixa, construindo uma sede maravilhosa, e times subordinados a ela falidos no Brasil inteiro? Isso é não enxergar o sentido público do futebol. Se ele enxergasse, faria como fazem as ligas americanas – NBA, NFL, Major League Baseball. Elas trabalham para que haja equilíbrio nas competições. O draft é um exemplo disso [processo pelo qual as equipes elegem os jogadores vindos das ligas universitárias. Os times a escolherem primeiro são aqueles que obtiveram pior colocação na última temporada]. Também há um esforço para que os direitos de transmissão sejam equilibrados. Isso feito por três ligas que visam ao lucro, mas que têm um interesse também na promoção do esporte.
Já o Teixeira nunca esteve nem aí para isso. Primeiro, ele não conhece nada de futebol, nunca jogou bola, nunca treinou ninguém: ele não gosta. O negócio dele é dinheiro e poder. Nunca passou pela cabeça dele a ideia de que é necessário manter o futebol um esporte popular. Seu interesse era encher o caixa da CBF, viver uma vida boa e fazer negócio com seus os amigos paras as grandes empresas. Nunca peitou nenhum interesse nesse sentido. Então, a visão que o Teixeira tem do esporte não tem nenhuma relação com a visão do interesse público.
O futebol brasileiro é dominado hoje por oito clubes. Por que não tem um bom time em Cuiabá, onde foi construído um estádio maravilhoso? Nem em Natal, ou em Manaus? Porque a CBF nunca se preocupou em garantir igualdade de receita para os clubes, por meio das transmissões – que são monopolizadas pela Globo. Narramos com clareza no livro como ela e o Teixeira destruíram o Clube dos 13. Fizeram isso no momento em que sentiram que ele poderia colocar em risco o monopólio global e, consequentemente, o poder político do Teixeira. O Clube dos 13 era o embrião do que poderia vir a ser uma liga mais equânime.
Por que nenhum jogo do Mixto, de Cuiabá, aparece na televisão? Ele está acabado, na terceira divisão, e com um estádio maravilhoso em Cuiabá. É totalmente desigual o futebol brasileiro. Quem ganha dinheiro com transmissão é Corinthians e Flamengo, especialmente. Isso é uma falta de visão do esporte, do futebol, como algo que é de interesse público. O futebol brasileiro reproduz o modelo de concentração de renda que há no país, e o Teixeira nunca fez absolutamente nada para mudar essa situação – pelo contrário, só trabalhou para aprofundá-lo.
[caption id="attachment_3155" align="alignright" width="371"] Os autores: da esquerda para a direita: Tony Chastinet (hoje na TV Bandeirantes), Luiz Carlos Azenha e Leandro Cipoloni (ambos na TV Record), Amaury Ribeiro Jr. (escritor de "A Privataria Tucana"). (Foto: Divulgação/Facebook)[/caption]
Fórum - Qual é o maior “furo” que o livro traz? Vocês, como autores, foram intimidados em algum momento, receberam alguma ameaça de processo?
Azenha – O nosso grande furo foi conseguir, junto a uma fonte europeia, um arquivo com os pagamentos que o Teixeira tinha recebido de propina, antes da divulgação oficial. Fomos os primeiros a divulgar isso no Brasil. Conseguimos uma cópia desse arquivo, então secreto, com uma lista dos pagamentos recebidos pelo Teixeira e pelo Havelange através de uma empresa chamada Sanud. Já o segundo grande furo foi termos descoberto, aqui no Brasil, os investimentos que essa Sanud havia feito nos negócios do Ricardo Teixeira. No momento em que comprovamos que a Sanud de fato era dele, e que vimos como injetava dinheiro em seus negócios aqui no Brasil, ficou claríssimo como funcionava o propinoduto, ou seja, como o dinheiro que ele recebia lá fora chegava até aqui – e como enriqueceu com esse dinheiro [veja no vídeo abaixo]. Essas foram nossas maiores contribuições.
Tanto o Teixeira como o Sandro Rosell disseram que nos processariam, mas, até o momento, nenhum deles cumpriu a promessa.
Mr. Teixeira, please... from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.
(Crédito da imagem da capa: Reprodução)