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Mesmo com reações conservadoras e espectadores saindo de sala devido às cenas de sexo gay, cinemas são obrigados a manter a indicação
Por Isadora Otoni
Espectadores de Praia do Futuro estariam se retirando das salas de cinema antes mesmo do filme acabar. Não porque a obra é ruim, mas devido às cenas de sexo gay entre os personagens de Wagner Moura e Clemens Schick. Por causa das reações conservadoras, os responsáveis pelos cinemas pensaram em medidas para evitar que os clientes peçam o ressarcimento do valor do ingresso.
[caption id="attachment_47138" align="alignleft" width="300"] "Senhor, tem certeza que deseja ver esse filme? Pois ele contém cenas de sexo homossexual" (Reprodução/Facebook)[/caption]
Iarlley Araujo, cliente do Cinépolis, de João Pessoa (PB), relatou no Facebook que o vendedor de ingresso o questionou: “Senhor, tem certeza que deseja ver esse filme? Pois ele contém cenas de sexo homossexual”. Após confirmar o interesse, seu bilhete recebeu um carimbo com a palavra “avisado”.
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A publicação gerou repercussão. Ronaldo Rodrigues, supervisor do Cinépolis em João Pessoa, alega em matéria do G1 que o carimbo se referia à necessidade de apresentação da carteira de meia-entrada. Mesmo assim, o supervisor decidiu mudar a classificação indicativa de 14 anos para 16 anos. Que fique avisado: somente o Ministério da Cultura pode alterar a indicação etária do filme.
Classificação
No dia 1º de abril foi divulgada no Diário Oficial da União a classificação indicativa do filme Praia do Futuro. Apesar da pretensão de ser indicado para maiores de 12, o Ministério da Cultura atribuiu como não recomendado para menores de 14. A decisão foi feita com base nas cenas de sexo, nudez e drogas lícitas.
Para Georgia Araújo, da produtora Coração da Selva, a indicação está correta. “Qualquer pessoa acima de 14 anos tem maturidade o suficiente para assistir ao filme”, afirmou. Ela ainda condenou a atitude do Cinépolis de mudar a classificação: “Eles não poderiam, só o Ministério da Cultura pode”.
Sobre as reações conservadoras dos espectadores do filme, Georgia duvidou da proporção: “Eu não esperava que isso acontecesse. Mas o público está realmente saindo de sala?”. A produtora também defendeu a obra: “O filme não tem nenhuma cena imprópria”.
(Foto de capa: Divulgação/Praia do Futuro)