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O jornalista Lino Bocchini, que assina a matéria, não menciona que já trabalhou com o coletivo e se torna centro da polêmica
Por Redação
[caption id="attachment_29084" align="alignleft" width="300"] Capilé reunido com Lino Bocchini e Ale Youssef (Foto: Divulgação)[/caption]
Lino Bocchini, gerente de mídias on line da Carta Capital, publicou uma matéria, nesta sexta-feira (16) no site da revista sobre as denúncias feitas contra o coletivo Fora do Eixo (FdE). No texto, que está também na edição impressa do periódico, ex-integrantes do coletivo reafirmam acusações contra Pablo Capilé, o jornalista Bruno Torturra e a estrutura do movimento.
A reportagem de publicação afirma que escutou oito ex-integrantes do FdE e recolheu denúncias, algumas já exploradas na mídia e nas redes sociais, como o depoimento da jornalista Laís Bellini e o da cineasta Beatriz Seigner.
A principal novidade é a declaração do fotógrafo Rafael Rolim, dizendo que o FdE teria gasto R$ 21 mil em seu cartão de crédito pessoal durante um mês e meio, tendo comprado neste cartão, entre outras coisas, um Macbook Pro para Capilé. Além dele, o designer Alejandro Vargas, que morou três anos na casa da FdE de Fortaleza, confirma a prática de uso de dinheiro pessoal e de cartões de crédito dos integrantes.
"Isso não é jornalismo”
Em nota no Facebook, o grupo FdE afirma que a matéria é “oportunista” e que Lino Bocchini “está implicado na questão”, já que o jornalista sempre manteve estreita relação com o coletivo. Bocchini comandou o “Desculpe a Nossa Falha”, programa que integrava a grade do “Pós TV”, canal do FdE na internet. O título advém de um blogue que era mantido pelo jornalista que ironizava o jornal Folha de S. Paulo.
“Por mais de um ano, Lino havia sido um dos mais assíduos, presentes e cruciais envolvidos na criação e desenvolvimento da Pós-TV e no laboratório do próprio Ninja”, afirma o FdE em sua página no Facebook. O coletivo afirma que o rompimento entre o jornalista e a rede ocorreu após a demissão de Bocchini como redator chefe da revista Trip, quando “havia uma possibilidade para um maior envolvimento e dedicação” ao projeto, então embrionário, do Mídia Ninja. “A chamada de capa já aponta seu caráter tendencioso. Entendemos que é anti ético apurar, visando traçar o perfil de uma rede com milhares de membros ativos, partindo apenas de depoimentos de pessoas que saíram da rede, com um foco claro em suas insatisfações. O texto colhe exceções e tenta forjar uma regra.”
No texto, Bruno Torturra é colocado como possível candidato do novo partido de Marina Silva, a Rede Sustentável, ao cargo de deputado federal em 2014. Segundo a matéria, Capilé seria o grande idealizador da candidatura. “Ele é o nosso homem rejeição zero”, teria dito o fundador do FdE. O jornalista negou, através do Facebook, qualquer ambição política. “Não. Não sou candidato. Nem serei. Mesmo”, afirma Torturra.
O fato de não conter, no texto, o posicionamento do FdE sobre as denúncias, fez com que Torturra criticasse Bocchini. “O repórter nunca me telefonou, apesar de ser meu amigo, para checar, me escutar, me perguntar sobre as graves acusações que me faz pessoalmente. Isso não é jornalismo.”
Repercussão
O jornalista Pedro Alexandre Sanches, colaborador da Fórum e do blog Farofafá, que recentemente foi levado à Carta Capital por Bocchini, criticou a postura do gerente de mídias on line da revista. “Acho que você erra redondamente, @linobocchini, em não se expor na reportagem como um ex-fora-do-eixo.”
A blogueira do Socialista Morena, cujo site também está na Carta Capital, Cynara Menezes classificou como “bizarro, para dizer o mínimo, o que contam @linobocchini e @pierobl sobre o fora do eixo". O jornalista Ronaldo Bressane afirmou que é “curioso” o fato de Lino Bocchini, “que foi próximo do FdE e dos ninjas, ñ informar isso ao leitor. Se ñ problema ético, é falha de caráter.” Em seu perfil no Twitter, o rapper Emicida também se manifestou. “Se vc quando fala sobre música independente no Brasil, não consegue ver nada além de bandas de rock/FdE/editais, vc é café c/ leite na rua.”
Em nota, a revista CartaCapital "reafirma sua total confiança nos profissionais envolvidos e no conteúdo da reportagem" e criticou o FdE. "Como linha auxiliar de defesa, o Fora do Eixo pôs seus integrantes para difamar a publicação e seu jornalista, citando inclusive sua família. Esse tipo de reação lembra práticas da direita autoritária e não condiz com uma organização que se diz livre e democrática."
Senador tucano quer explicações sobre verbas
Aloysio Nunes, senador do PSDB, protocolou três requerimentos, no Ministério da Cultura, da Fazenda e de Minas e Energia. O parlamentar quer saber quais os critérios utilizados para a liberação de verbas com fins de financiar projetos do Fora do Eixo. Caso a Mesa Diretora do Senado aprove os documentos, as autoridades terão 30 dias para apresentar as respostas.
TV Fórum
A revista Fórum fez durante mais de um ano o programa TV Fórum na grade da Pós TV. Do ponto de vista editorial nossos contatos eram Filipe Peçanha, o Carioca, e Lino Bocchini. "Durante o período em que Lino esteve à frente da Pós TV nunca me disse nada do que foi publicado na Carta Capital. Em relação ao tamanho do Fora do Eixo, ele sempre apresentou números idênticos ao de Capilé. Falava-me de uma rede grande, com aproximadamente 2 mil integrantes", relata o editor da Fórum, Renato Rovai. "Soube por ele do rompimento com o grupo e me solidarizei. Acho, inclusive, que ele não foi tratado de forma correta naquele episódio. O que me preocupa é que a matéria parece estar bastante intoxicada por esta mágoa. E quando isso acontece, perdemos todos".