Livro de Idelber Avelar reúne oito ensaios sobre as dimensões retórica e política da violência
Por Redação
O colunista da Fórum e professor de Literatura Latino-americana, da Tulane University (New Orleans), Idelber Avelar, lança nesta quinta, 21, o livro Figuras da violência: Ensaios sobre ética, narrativa e música popular (Editora UFMG). Trata-se de uma coleção de textos, alguns inéditos, outros traduzidos e recauchutados a partir de escritos anteriormente publicados em inglês.
O lançamento será na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena), às 18h30. Sinopse Figuras da violência reúne oito ensaios independentes, que têm em comum o tratamento da interseção entre as dimensões retórica e política da violência. A introdução revisa teorias da violência, de Clausewitz, que viu a guerra como puro jogo de forças que suspende toda ética, a Virilio, que pensa a guerra contemporânea como superação do paradigma territorial napoleônico e como acontecimento assimétrico, instantâneo, virtual. O capítulo um parte da classicista Page DuBois, que sugere que o depoimento do escravo grego só era tomado como verdadeiro se extraído sob tortura. Daí se retiram algumas conclusões teóricas acerca das relações entre a emergência do conceito de verdade e a sanção da atrocidade na democracia. O capítulo dois é uma extensa crítica da leitura que fez Jacques Derrida de Walter Benjamin, questionando tanto a associação de Benjamin a Heidegger, constante em Derrida, como sua redução da crítica benjaminiana da violência à onda anti-parlamentar da República de Weimar. Os dois capítulos seguintes tratam de fenômenos da música popular das últimas décadas: Sepultura e o movimento heavy metal, que clausuram, para a juventude mineira, o potencial oposicionista e emancipatório da MPB, e Chico Science e a cena manguebeat pernambucana, que criam canais de diálogo entre gêneros “regionais” não legitimados no cânone nacional e gêneros internacionais não sancionados no panteão pop rock. O capítulo cinco toma como mote o breve conto “O Etnógrafo”, de Borges, para pensar as relações entre a ética e a violência constitutiva da empreitada antropológica na era pós-colonial. O capítulo seis é uma introdução à literatura oitocentista da Colômbia, o único país latino-americano não unificado no século XIX. Através de uma análise dos romances fundadores de cada de uma de suas regiões (a Antioquia, o Vale do Cauca, a Costa Caribe e os Andes), o capítulo oferece uma reflexão sobre o romance em épocas pré-estatais marcadas pela guerra civil. O epílogo oferece uma crítica do discurso dos direitos humanos na era da guerra sem fim.