NEGACIONISMO

OMS manda recado para Bolsonaro: Pandemia está longe de terminar

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente avaliam alterar o status de pandemia para endemia; médicos criticam tal possibilidade

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou à CNN, nesta quarta-feira (15), que a pandemia está longe de terminar no mundo, apesar da diminuição dos números de casos e mortes e de muitos países terem flexibilizado as medidas sanitárias. 

De acordo com a OMS, o mundo registrou, na última semana, mais de dez milhões de casos e mais de 50 mil mortes por conta da Covid. 

Questionada sobre a intenção do governo Bolsonaro de mudar o status de pandemia para endemia, a OMS afirmou que não comenta casos específicos e que os países são livres para decidir as suas políticas sanitárias locais, mas mandou um recado para o governo brasileiro: "A pandemia só terminará em algum local quando terminar em todos". 

 

Médicos criticam mudança de status da pandemia 

 

No dia 3 de março, o presidente Bolsonaro usou as suas redes sociais para revelar que, juntamente com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estuda rebaixar o atual quadro sanitário para endemia. 

Apesar da OMS afirmar que não interfere e nem comenta decisões de governos, especialistas afirmam que não cabe ao governo brasileiro decidir a mudança de status e que o coronavírus está longe de um quadro endêmico. 

“Essa é mais uma pedalada sanitária absurda e irresponsável do governo Bolsonaro. Além de ser um malabarismo técnico, porque não é possível ter uma mesma doença numa situação de pandemia e endemia em um país isolado, já que a pandemia é algo declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a partir da transmissão que ocorre em vários continentes, inclusive onde está o Brasil”, critica o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP). 

Padilhha também afirma que na decisão do governo federal está escondido o objetivo de desmontar a saúde pública. 

“Incutido nisso está o estímulo ao desmonte de medidas de restrição está o estímulo a aglomeração, a defesa do uso de máscara. E o fato de estar num estado de pandemia mobiliza recursos, mobiliza ações e a disposição do governo é desmontá-los em um momento em que o Brasil ainda não atingiu uma cobertura vacinal desejável segundo recomendação da OMS”, diz Padilha. 

 

Ausência de justificativa epidemiológica 


 
À Fórum, o médico infectologista Marcos Caseiro afirma que essa atitude do governo Bolsonaro, de mudar o estado de pandemia para endemia, revela que a gestão federal não entende de epidemiologia. 

“Falar de mudança de pandemia para endemia mostra que o governo continua equivocado e sem o menor entendimento do que significa epidemiologia. Quer dizer, eles estão mudando a epidemiologia. Como uma doença que está matando centenas de pessoas por dia nós vamos trazê-la para o estado de endemia?”, questiona Caseiro. 

"Então nós vamos partir do pressuposto de que a partir de agora morrer 600, 800 pessoas por dia passa a ser normal? A definição de endemia é um número esperado para um determinado período. Se ele decreta que estamos numa endemia é que nós estamos tranquilos com centenas de mortes diárias", finaliza o médico infectologista. 


Com informações da CNN Brasil