O Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira (15) dois casos da nova variante (Amapá e Pará) que, até este momento está sendo chamado de Deltacron, pois, trata-se de uma combinação da Delta com a Ômicron e que foi identificada em fevereiro.
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Identificação da nova cepa
Em fevereiro deste ano, o médico Scott Nguyen, pesquisador do Laboratório de Saúde Pública de Washington, ao trabalhar no GISAID, um banco de dados internacional de genomas do coronavírus, encontrou amostras coletadas na França em janeiro onde os colegas franceses tinham identificado uma mistura das variantes Delta e Ômicron.
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De acordo com os pesquisadores, são raros os casos de pessoas infectadas por duas variantes de coronavírus ao mesmo tempo, mas, no caso em questão, não se tratava de uma dupla infecção, mas sim de um vírus recombinante, que carrega a combinação de genes das duas variantes. Depois da França, a nova variante foi identificada nos Países Baixos e na Dinamarca.
Origem da Deltacron
A última atualização do GISAID, realizada no dia 10 de março, indica que foram coletadas 33 amostras da nova variante na França, oito na Dinamarca, uma na Alemanha e uma na Holanda.
A China e o Reino Unido têm registrado alta no contágio por coronavírus, porém, até este momento não está confirmado se são casos da Deltacron.
Em seu último comunicado oficial, o governa da China afirmou que a alta de casos está relacionada às variantes Delta e Ômicron.
É uma variante perigosa?
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por hora, classifica a Deltacron apenas como uma variante "em observação" e que segue monitorando o desenvolvimento.
Mas, em entrevista ao New York Times, o médico Simon-Loriere afirmou que, apesar de algo extremamente raro, a recombinação de duas variantes, ao que tudo indica, não se trata de uma variante perigosa e que, até este momento, não apresentou capacidade de crescer exponencialmente.
Simon-Loriere também afirmou que a nova variante não deve causar uma nova onda da pandemia, pois, o gene predominante da cepa é da Ômicron e uma porcentagem bem pequena da Delta.
Como as características dominante da nova variante são da Ômicron, o médico Simon-Loriere acredita que a defesa adquirida pelas pessoas contra a Ômicron - através de infecções, vacinas ou ambos - devem funcionar contra a nova variante.
Apesar das suspeitas iniciais, o médico destaca que ainda é preciso ter mais testes para cravar que não estamos diante de uma variante perigosa e exponencialmente contagiosa.
De onde vêm o vírus recombinante?
A recombinação de um vírus pode se dar a partir de uma dupla infecção das pessoas. Por exemplo, se você está em um bar ou restaurante com várias pessoas infectadas, você pode respirar mais de uma versão do vírus em um mesmo ambiente.
Com isso, é possível que os dois vírus invadam a mesma célula ao mesmo tempo. Quando essa célula começa a produzir novos vírus, o novo material genético pode ser misturado e produzir um vírus híbrido, como é o caso da Deltacron.
Todavia, pesquisadores afirmam que essas recombinações do coronavírus são "embaralhados genéticos que serão becos sem saídas" e muito provavelmente a versão recombinada pode não se sair tão bem quanto os seus ancestrais.
As vacinas funcionam contra a Deltacron?
Em entrevista coletiva, a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, declarou que os estudos sobre a nova cepa estão em andamento, mas que até agora não foi identificada uma mudança epidemiológica e nem de gravidade.
"Não vimos nenhuma mudança na epidemiologia com este recombinante, não vimos nenhuma mudança na gravidade, mas há muitos estudos em andamento. A OMS está ciente disso por causa do nosso Grupo Técnico Consultivo para Evolução do Vírus, que se reúne regularmente desde junho de 2020 exatamente por esse motivo", disse Maria.
No entanto, o médico Fernando Spilki disse à CNN Brasil que ainda é muito cedo para afirmações sobre a nova variante. "Sobre transmissibilidade, a virulência, se causa ou não doença mais grave e efeito para as vacinas, a resposta é que não sabemos ainda. Tudo está sendo investigado, até mesmo porque o número de casos é muito pequeno", explicou.
Para Spilki, o que preocupa não é o caso de um vírus recombinado, mas a recombinação entre vírus de espécies diferentes. "Uma recombinação do vírus humano com o de rato, ou de humano com vírus do porco. São essas que provocam grandes mudanças no vírus e que podem fazer com que ele se torne mais patogênico", explica.
Dessa maneira, a OMS recomenda que os laboratórios façam testes constantes para averiguar se a vacina continua eficaz contra as variantes que surgem e se precisam de atualização. Até este momento, nada indica que os imunizantes disponíveis precisem de atualização contra a Deltracron.
Com informações da CNN Brasil e New York Times