O senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI da Covid, afirmou em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia nesta segunda-feira (27), que o relatório final da comissão será contundente e devastador para o governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido). De acordo com ele, o documento já tem elementos suficientes para enquadrar Bolsonaro em crimes contra a humanidade, fato que o levaria para o Tribunal de Haia.
“A CPI já cumpriu boa parte do seu papel, que era o de mostrar ao Brasil, particularmente a essas 600 mil famílias que perderam seus entes queridos ao longo dessa pandemia, de quem é a responsabilidade por essa tragédia”, afirmou. Para o senador, “o relatório vai mostrar muito claramente de maneira muito bem provada, que o governo adotou uma estratégia criminosa para o enfrentamento à pandemia, que era a ideia de disseminar a doença para o maior número de pessoas no espaço de tempo mais curto, para produzir uma imunidade coletiva, que se produz com vacinas. Isso é um crime muto grave”.
Costa relembra as consequências dessa tese, “como a omissão na testagem, a demora pra abrir leitos de UTI, a disseminação do uso de medicamentos sem qualquer eficácia contra a covid, a demora e a omissão na compra de vacinas e, por último, a corrupção na compra de insumos para o enfrentamento à pandemia. Eu creio que este já foi um papel muito importante cumprido pela CPI”.
De acordo com o senador, agora virá a apresentação e a aprovação do relatório, que, segundo ele, “será contundente e devastador para o governo, vai mostrar a grande quantidade de crimes de responsabilidade que o presidente da República cometeu, entre eles contra a vida, a saúde pública, desresponsabilização do governo em garantir direito à Saúde, dificuldade de acesso das pessoas ao Sistema Público, prevaricação, advocacia administrativa entre outras”.
O roteiro da CPI agora, com a apresentação do relatório à Câmara dos deputados, caberá ao presidente da casa, Arthur Lira (Progressistas-AL). É ele quem vai decidir se abre ou não um processo de investigação para o impeachment. “Serão crimes comuns, tanto do presidente quanto de outros agentes políticos e privados, crimes contra os Direitos Humanos, que nós vamos levar pra ONU e pra Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, ressalta.
“Cresce dentro da CPI o sentimento de que há elementos para enquadrar Jair Bolsonaro pelo crime contra a humanidade, que o levaria ao Tribunal Penal de Haia”, exaltou. “Embora o sistema de Justiça brasileiro tenha condição de fazê-lo, não fez ainda a abertura de um processo que investigue o presidente por crimes contra a humanidade. Com essa questão, o Tribunal pode aceitar uma comunicação e, com isso, ele ser enquadrado num processo que demora muito, mas a simples comunicação já representa muito em termos de afirmar a responsabilidade dele”, encerrou.