Durante depoimento do tenente-coronel da reserva, Marcelo Blanco da Costa, na CPI do Genocídio, nesta quarta-feira (4), o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) interrompeu a sessão para comentar reportagem veiculada por Renata Agostini, na CNN Brasil.
De acordo com a reportagem, depois de levar um vendedor de vacinas contra a Covid-19, o cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Dominghetti, para encontrar com o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, em um restaurante de Brasília, Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do ministério, seguiu acompanhando pessoalmente as negociações.
Ainda segundo a CNN, o tenente-coronel ainda pediu que representantes da Davati Medical Supply enviassem propostas diretamente a ele, em seu e-mail pessoal.
Mensagens obtidas pela emissora mostram que houve tentativa do ex-assessor do Ministério da Saúde de intermediar o negócio.
Entretanto, durante seu depoimento à comissão, Blanco negou que tivesse atuado como intermediário na compra das vacinas e afirmou que sempre orientou os supostos vendedores dos imunizantes a encaminharem ofertas “aos e-mails institucionais” do Ministério da Saúde e de Roberto Dias, então diretor do departamento de Logística da pasta.
“Senador, voltando ao que eu já falei aqui em diversas oportunidades. Ele me pediu que queria enviar proposta, eu apenas orientei como que isso se daria: ‘Aqui estão os e-mails institucionais’. Existe, inclusive, este tipo de orientação minha para o próprio Cristiano. Eles insistiam em me copiar, via zap, de documentos, que eu sequer abria. Não me interessava aquilo dali, mas eu falei: ‘Envie para os e-mails institucionais. Orientar uma pessoa a enviar documentos a um e-mail institucional, isso é facilitar tratativas?”, alegou Blanco.
Porém, em mensagem encaminhada ao representante da Davati, Cristiano Carvalho, no dia 1 de março, Blanco pediu que documentos sobre possível venda de vacinas fossem enviados para seu e-mail pessoal. Carvalho respondeu que as propostas tinham sido enviadas. Blanco, então, respondeu: “Já vi aqui”.
Pronta entrega
No dia 9 de março, o vendedor de vacinas, Rafael Alves, parceiro de Carvalho, enviou nova mensagem: “Ilmo. Sr. Blanco, atendendo solicitação de Cristiano Carvalho, disponibilizo ao Ministério da Saúde, o FCO AstraZeneca Vacina Sars Cov-2 a pronta entrega via França. Lembrando que a Davati possui SGS já carga alocada”.
Carvalho disse à CNN que Blanco se apresentou como intermediário das negociações e que chegou a pedir que propostas fossem encaminhadas a ele e não somente a Roberto Dias.