Denúncia feita por lideranças da Terra Indígena Yanomami aponta que servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) venderam vacinas contra a Covid-19 a garimpeiros em troca de ouro. Esses imunizantes seriam destinados à população indígena.
Segundo reportagem da jornalista Vanessa Fernandes, do G1 RR, o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY) aponta cinco servidores da Sesai como responsáveis por um esquema de vendas das vacinas na comunidade Komamassipi, região do Parafuri, onde 45 garimpeiros teriam sido imunizados.
Um oficio enviado ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal e ao Ministério da Saúde, aponta que foram, no total, 106 doses de vacinas desviadas na região de Parafuri, Homoxi e Parima para garimpeiros.
"Alguns profissionais dos polos base Parafuri, Homoxi e Parima se beneficiaram com a troca de vacina por ouro. Ao todo, são 106 Yanomami não vacinados. As vacinas foram enviadas para os Yanomami e utilizadas em invasores da Terra Yanomami. São denúncias graves feitas pelo povo Yanomami. Segundo relatos dos indígenas, o Dsei sabia", disse o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, ao G1.
O conselho afirma que dos 1438 moradores da região, apenas 470 foram imunizados, apesar de fazerem parte do grupo prioritário. Isso representa menos de um terço.
Em maio, a Associação Hutukara, das regiões de Humuxi e Uxiu também denunciou desvio de vacinas para garimpeiros. Na ocasião, a Saúde e o MPF também foram acionados.
Reportagem da série Ouro do Sangue Yanomami produzida por Repórter Brasil e Amazônia Real chegou a flagrar funcionária da Sesai em joalheira que compra ouro ilegal em Boa Vista.