Pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa), da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), atualizaram o trabalho “Mapeamento e análise das normas jurídicas de resposta à Covid-19 no Brasil”.
A conclusão é que o governo de Jair Bolsonaro foi responsável pela ampla disseminação do coronavírus, apostando na tese da imunidade de rebanho.
“O presente estudo permite concluir, com vasto respaldo documental, que a partir de abril de 2020, o governo federal passou a promover a ‘imunidade de rebanho’ por contágio como meio de resposta à pandemia. Ou seja, optou por favorecer a livre circulação do novo coronavírus, sob o pretexto de que a infecção naturalmente induziria à imunidade dos indivíduos, e a redução da atividade econômica causaria prejuízo maior do que as mortes e sequelas causadas pela doença”, concluíram os cientistas.
A atualização da pesquisa foi um pedido dos senadores da CPI do Genocídio, que já receberam a nova versão, que atesta que Bolsonaro adotou, propositalmente, a estratégia de propagação do coronavírus no país.
Ainda conforme o trabalho, o estímulo para que o maior número de pessoas fosse infectado ocorreu por meio de dois pilares: “a disseminação da falsa crença de que existe um tratamento precoce para a doença e o constante estímulo ao desrespeito massivo de medidas sanitárias básicas, como o distanciamento físico e o uso de máscaras”.
Ao final, os cientistas apontaram como práticas de atuação do governo federal:
Defesa da tese da imunidade de rebanho por contágio; incitação constante à exposição da população ao vírus e ao descumprimento de medidas sanitárias preventivas; banalização das mortes e sequelas causadas pela doença; obstrução sistemática a medidas promovidas por governadores; foco em medidas de assistência a abstenção de medidas de prevenção; ataques a críticos da resposta federal, à imprensa e ao jornalismo profissional; e consciência da irregularidade de determinadas condutas.
Outro estudo
Além do material produzido pela USP, outra pesquisa, parceria entre Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, também apontou que Bolsonaro estimulou a imunidade de rebanho.
Veja a íntegra do estudo da USP: