O Brasil podia ter hoje 40 mil mortos por Covid e não 450 mil, diz Chioro

O ex-ministro da Saúde ainda prevê que o país terá 750 mil mortos em agosto

Foto: Reprodução
Escrito en CORONAVÍRUS el

O ex-ministro da Saúde Arthur Chioro afirmou nesta quarta-feira (26), durante participação no programa Onze e Meia, da Fórum, que o Brasil poderia ter hoje 40 mil mortes por Covid-19 e não 450 mil. Chioro disse ainda que o país deverá alcançar, em agosto, a triste marca de 750 mil mortes.

A afirmação assustadora do ex-ministro é enumerada por fatos e dados que ele acompanha. “Eles se assentaram o tempo inteiro no modelo teórico publicado em abril de 2020 pelo ministério da Saúde que dizia o seguinte: ‘em outubro a pandemia acaba’”, disse.  “Então eles fizeram a opção, vamos deixar esse negócio se expor mesmo. Só que a narrativa não deu certo com a realidade. E eles insistiram, porque o pior erro é aquele que não reconhece, né?”, lembra Chioro.

De acordo com o ex-ministro, eles “seguiram na toada desse modelo catapultado por figuras como Osmar Terra, Arthur Weintraub, que parece que teve um papel extremamente importante nas decisões, Felipe Martins, Carluxo e Eduardo Bolsonaro. É a isso que estamos submetidos e é por isso que nós ultrapassamos 450 mil mortes, quando hoje poderíamos estar, o que já seria uma tragédia, com algo em torno de 40 mil mortes”.

Chioro diz ainda que “este era pra ser o impacto efetivo das mortes por covid no Brasil, feitos todos os esforços. Isto seria aquilo que a gente não conseguiria evitar. E eu não tô chutando, eu estou me baseando em dados de países que fizeram a lição de casa, testaram muito, isolaram, fizeram políticas de contenção nas suas fronteiras, trabalharam com aquisição de vacina a curto prazo, investiram pesadamente em informação e comunicação. Países cujos governantes deram exemplos”.

Além disso, ele atenta ainda para o fato que “partes consideráveis das mortes que nós tivemos não podem ser atribuídas apenas à covid. Elas começaram com a covid, mas se desenvolveram pela desassistência. Por falta de oxigênio e kit de intubação, falta de gente qualificada ou por falta de serviço”.

O ex-ministro lembra ainda que as mortes poderiam ter sido evitadas pelas medidas não medicalizantes e pelo investimento na vacina. “O Brasil possui uma excelente estrutura para vacinar milhares de pessoas diariamente. Tanto é que assim que as vacinas chegam, elas acabam, pois os funcionários do SUS são muito competentes em campanhas de vacinação”

Ao final, Chioro dá o veredito: “eu concordo com a tese central dos senadores na CPI. É a comprovação da ação por dolo. Crime doloso”.