O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) denuncia a ocorrência de um surto de Covid-19 entre os trabalhadores da Plataforma P-58, localizada no litoral sul do estado. A entidade solicita à Petrobras que apenas os serviços de produção e essenciais sejam mantidos durante o agravamento da pandemia.
“Infelizmente, está ocorrendo mais um surto de contaminação por Covid na Plataforma P-58. Nós temos, também, suspeitos de contaminação na P-57 (também no litoral sul do estado), mas na P-58 é importante ressaltar que é o terceiro surto que acontece durante a pandemia”, destaca Valnisio Hoffmann, coordenador geral do Sindipetro-ES.
“O último surto havia ocorrido em janeiro e o sindicato enviou diversos ofícios, sugerindo melhorias nos protocolos de prevenção. Mas, infelizmente, a gestão acaba ignorando e, como consequência, nós temos esse surto”, afirma.
Hoffmann ressalta que o quadro, agora, é mais grave, porque são mais de 20 trabalhadores suspeitos de estarem infectados. “Nós temos já cinco confirmados, que estão isolados em hotéis da Grande Vitória. Os contaminados que estão com algum problema de saúde mais grave foram internados e o sindicato está acompanhando”.
A situação estava a ponto de se tornar uma tragédia sanitária, relata o dirigente sindical. Na P-58, ocorreria, no início de abril, uma parada programada, ou seja, a plataforma iria parar a produção para que diversos serviços fossem realizados.
“Isso aumentaria a quantidade de trabalhadores na plataforma. Normalmente é em torno de 120 e passaria para quase 500 trabalhadores. Imaginem a gravidade de um surto em um ambiente confinado com 500 trabalhadores”, conta.
Hoffmann revela que o sindicato denunciou e pediu a postergação da parada programada. A princípio, não foi atendido, mas, agora, com o surto ocorrendo esta semana, a Gerência do Ativo da Plataforma e a Gerência de RH da Petrobras, em uma atitude que já deveria ter sido tomada antes, acabou adiando a ação.
Serviços não essenciais
“Mesmo assim, nós temos na plataforma vários serviços não essenciais, que acabam demandando trabalhadores a bordo. A solicitação do sindicato é que apenas a produção e serviços essenciais, aqueles que garantem a segurança da plataforma e dos trabalhadores, sejam realizados neste momento tão crítico da pandemia”, acrescenta o dirigente.
“Nós sabemos que aqui no estado há superlotação de leitos de UTI e sobrecarga de profissionais. Não podemos aceitar que uma empresa do porte da Petrobras coloque em risco não só os trabalhadores, mas toda a população capixaba, pois em caso de surto, vai impactar todo o sistema de saúde do estado”, alerta Hoffmann.
Portanto, a solicitação do Sindipetro-ES é que a gerência acate a sugestão e realize apenas atividades essenciais em todas as áreas de trabalho. “Sabemos que não só nas plataformas, mas nas unidades terrestres também estão ocorrendo diversos serviços sem necessidade, colocando em risco todos os trabalhadores e familiares”, completa.