Principal bandeira de Jair Bolsonaro (Sem Partido) para combate à pandemia do coronavírus, que nesta terça-feira (23) bateu recorde com mais de 3 mil mortos em 24 horas, o "kit Covid", composto por remédios sem comprovação científica contra a doença como cloroquina, ivermectina e azitromicina, tem levado mais pessoas aos superlotados hospitais, com graves consequências na saúde.
Nesta terça, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, confirmou o primeiro caso de paciente diagnosticado com hepatite tóxico-medicamentosa relacionada ao uso dos medicamentos.
Segundo a professora e médica da unidade de transplante hepático do HC, Ilka Bonin, o paciente é morador de Indaiatuba (SP), tem aproximadamente 50 anos, é atleta e não possui histórico de outras doenças.
O homem está internado com lesões graves e entrará na lista para transplante de fígado na sexta-feira (26) após a realização de novos exames.
Ele foi diagnosticado com Covid-19 há cerca de três meses e teria apresentado pele e olhos amarelados um mês após utilizar ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina, além de zinco e vitamina D, sob prescrição médica.
"Ele chegou com uma síndrome de doença hepática pós-Covid, mas quando analisamos, vimos que não se enquadrava muito bem na síndrome. Tinha alterações específicas e analisamos a biópsia. Era, na verdade, uma hepatite medicamentosa que causou a destruição dos dutos biliares, e o paciente tinha usado somente, nos últimos quatro meses, remédios do 'kit Covid'", disse a médica ao Portal G1.