Quase 70% das doses de vacina contra Covid-19 administradas até o momento no mundo foram aplicadas nos 50 países mais ricos do mundo. Em contrapartida, apenas 0,1% das doses dos imunizantes disponíveis foram administrados nos 50 países mais pobres.
O alerta foi feito pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (4).
No texto, a entidade diz que desigualdade é “alarmante” e pode ter um “efeito fatal e devastador”.
“Isso é alarmante porque é injusto e pode prolongar ou mesmo agravar esta terrível pandemia”, afirmou, no comunicado, o secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain. Em sua visão, “na corrida para acabar com esta pandemia, estamos todos remando no mesmo barco”. Por isso, ele alerta: “Não podemos sacrificar os que correm maior risco em alguns países para que os que correm menor risco possam ser vacinados em outros”.
A IFRC avalia que, se grandes bolsões do planeta permanecerem sem imunização, o novo coronavírus continuará a circular e sofrer mutações. Isso pode levar ao surgimento de variantes que não respondem às vacinas, permitindo que o vírus infecte pessoas que já podem ter sido vacinadas.
“A distribuição equitativa de vacinas contra a Covid-19 entre e dentro dos países é mais do que um imperativo moral: é a única maneira de resolver a emergência de saúde pública mais urgente de nosso tempo”, disse Chapagain. “Sem distribuição igualitária, mesmo aqueles que são vacinados não estarão seguros.”
Plano de apoio
Para tentar apoiar uma distribuição mais equitativa de vacinas, a IFRC anunciou nesta quinta-feira um novo plano de 100 milhões de francos suíços (cerca de US$ 110 milhões) para financiar a imunização de 500 milhões de pessoas contra a Covid-19.
De acordo com o plano, as Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente1 Vermelho apoiarão os esforços nacionais de vacinação em diversas regiões e nas fases de planejamento e implementação.
Isso incluirá esforços para construir confiança nas vacinas e para neutralizar a desinformação sobre sua eficácia. A entidade avalia que essa ação é cada vez mais importante à medida que as taxas de "hesitação vacinal" aumentam em todo o mundo.