O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) comentou com exclusividade à Fórum o fato de apenas 19% das pessoas vacinadas no Brasil serem pretas ou pardas, quando elas constituem 56% da população brasileira. Para ele, o dado revela “a gravidade do racismo estrutural que nós precisamos enfrentar”.
Para o deputado, “o racismo estrutural não é um conceito sociológico. Quando o professor Sílvio Almeida diz que é uma tecnologia de dominação e que está presente em todas as dimensões da vida econômica, social, política e cultural é porque a profundidade com que o racismo penetrou na alma brasileira fica evidenciado em inúmeros momentos e oportunidades”.
“Semana passada saiu uma pesquisa dizendo que a tramitação dos projetos de lei apresentados por parlamentares negros é mais lenta. Agora, depois de sabermos que a contaminação é muito maior entre as negras e negros, depois de sabermos que o nível de letalidade da Covid-19 é muito maior na população negra, o dado de vacinação explicita uma vez mais o racismo estrutural”, alerta Orlando.
O deputado lembra ainda: “nós somos a totalidade da população quilombola e a maioria da população em situação de rua. Nestes grupos um pouco menores ainda há uma taxa relevante de vacinação. Mas no conjunto da sociedade, em que nós somos mais da metade da população, nós não chegarmos a 20% dos vacinados revela a gravidade do racismo estrutural que nós precisamos enfrentar”.
O levantamento é uma análise do jornal O Globo feita em cima de dados divulgados pelo ministério da Saúde sobre a população vacinada. De acordo com o jornal, apenas 19% dos quase 5 milhões de vacinados no Brasil registrados pelo Ministério da Saúde até sexta-feira eram pretos ou pardos. O percentual, portanto, está muito abaixo da parcela da população que se identifica dessa forma: de acordo com o IBGE, 56% da população é negra (preta ou parda).
O Globo lembra ainda que, segundo a pasta, não há registro sobre a cor de 26% dos vacinados — ou seja, mesmo que todos eles fossem pretos ou pardos, o percentual de negros vacinados ainda seria menor que o da população brasileira.