O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitou a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 neste domingo (17), feita com sua presença, para mais uma vez atacar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu ex-aliado e agora desafeto político.
Logo depois que a enfermeira Mônica Calazans se tornou a primeira brasileira a tomar a vacina contra a Covid-19, uma dose da CoronaVac, Doria deu uma entrevista coletiva em que começou com ataques indiretos e depois diretos a Bolsonaro.
“Hoje é o dia V da vacina, dia V da vida, da vitória daqueles que valorizam e trabalham pela vida, ao contrário, bem ao contrário, daqueles que nos últimos 11 meses flertaram com a morte”, afirmou ele, com Mônica ao lado. “É uma conquista que fortalece homens e mulheres que no Brasil tiveram a coragem de enfrentar negacionistas, mentiras, fake news, agressões, destemperos e palavrões para defender a vida.”
Doria apadrinhou a CoronaVac, única dose atualmente disponível para aplicação no país. Ela foi desenvolvida pela chinesa Sinovac e, no Brasil, será fabricada pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista. Com a aprovação da Anvisa, ele conseguiu faturar politicamente, por ter disponível a dose para aplicar e estar na foto da primeira vacinada do Brasil.
Pazuello
Enquanto Doria dava sua coletiva, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também iniciou uma entrevista, mas no Rio de Janeiro. Visivelmente irritado, ele atacou o que chamou de “jogada de marketing” com a aplicação da primeira dose da vacina. Também disse que o governo paulista não tinha desembolsado um único centavo na compra das doses de CoronaVac importadas da China que já estão no país e serão aplicadas e que na verdade elas tinham sido pagas com verbas federais, do SUS.
Informado das falas, o tucano, em São Paulo, partiu para o ataque mais direto. “Estou atônito com as declarações do Pazuello. Ele diz que as vacinas foram compradas com dinheiro do SUS e não com dinheiro do governo de São Paulo. É inacreditável como o ministro da Saúde, sem ser médico, um desastre completo, ainda mente”, afirmou. “A vacina do Butantan só está em São Paulo e no Brasil porque foi investimento do governo de estado de São Paulo. Não há nenhum centavo, nem para estudo, pesquisa, nada, do governo federal. Seja honesto, chega de mentiras”, falou o tucano.
E, ao rebater a fala de Pazuello sobre “golpe de marketing”, Doria atacou diretamente Bolsonaro. “Sobre golpe de marketing, o governo federal faz golpes de mortes há 11 meses contra brasileiros, com negacionismo, cloroquina, falta de e agulha, orientação, frases lamentáveis.”
O tucano aproveitou para alfinetar o rival. “A vacina do Butantan é a do Brasil, é a única que temos no país porque são Paulo fez. Não foi o Ministério da Saúde, não foi o ministro Pazuello, não foi Bolsonaro. Foram cientistas do Butantan. O golpe de morte é o que dá Jair Bolsonaro e a incompetência do seu governo.”