Eduardo Bolsonaro volta o Brasil há um século e compara coronavírus com revolta da vacina

O próprio Bolsonaro assinou lei, em fevereiro, que torna compulsória a vacinação e outras medidas profiláticas para enfrentamento da Covid

Eduardo Bolsonaro (Foto: Arquivo)
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e sua família estão mesmo dispostos a colocar o Brasil de volta ao início do século passado. E o pior é que, para tal, são capazes de qualquer coisa, até mesmo contrariar uma lei assinada pelo próprio patriarca, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), além dos ex-ministros Sergio Moro, da Justiça, Sérgio Moro, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde.

Dudão fez um post, na manhã desta quarta-feira (2), onde compara a iminente vacinação contra o coronavírus com o episódio da revolta da vacina, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1904. Na época, o povo carioca se rebelou por conta da obrigatoriedade de tomar a vacina para a varíola, peste bubônica e febre amarela.

Em face da ignorância, serviram de argumentos à população revoltosa o medo de inocular um vírus no próprio corpo e até mesmo a possibilidade de uma casta dona de casa, só em seu lar, receber um estranho e ter que levantar a manga e mostrar o braço a ele.

“Lembrou-me a revolta da vacina (contra varíola) em 1904 no Rio de Janeiro do prefeito Pereira Passos. Toma a vacina quem quiser. Isso é liberdade. Não é o papai Estado que vai te impor decisões sobre sua vida (ao menos o Estado federal)”, afirmou o deputado.

Bolsonaro assinou obrigatoriedade

Um internauta lembrou ao filho do presidente que o próprio Bolsonaro assinou, em fevereiro deste ano, a Lei 13.979, que “dispõe sobre as medidas que poderão ser adotadas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019”.

Em seu Art. 3º, inciso III, a lei é bem clara: “Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, poderão ser adotadas, entre outras, as seguintes medidas:

III - determinação de realização compulsória de:

a) exames médicos;

b) testes laboratoriais;

c) coleta de amostras clínicas;

d) vacinação e outras medidas profiláticas; ou

e) tratamentos médicos específicos;”

https://twitter.com/anjos_fausto/status/1301106957512773633

E voltou atrás

Bolsonaro, no entanto, parece esquecer do que assinou e segue na mesma linha do filho. Em conversa com apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada nesta segunda-feira (31), ele sinalizou que a vacinação contra o novo coronavírus não será obrigatória no Brasil.

“Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, afirmou o ex-capitão ao ser questionado por uma apoiadora.

Nesta terça-feira, como se não bastasse a fala do capitão da reserva, a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo usou suas páginas oficiais nas redes sociais para reforçar o recado, em um aceno a grupos conspiracionistas antivacina que crescem no Brasil e no mundo.

“O Governo do Brasil investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos. Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para estados e municípios, saúde, economia, TUDO será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos”, diz a postagem da Secom, que é acompanhada de uma imagem que reproduz a fala de Bolsonaro de segunda-feira.