Crianças infectadas pelo novo coronavírus ficam com uma carga viral muito mais alta do que se pensava, principalmente nos dois primeiros dias. Com isso, são mais fortes transmissoras da doença, mesmo que fiquem assintomáticas. É a conclusão de um estudo da Escola Médica da Universidade de Harvard (EUA) publicado nesta quinta-feira (20) no Journal of Pediatrics.
Os autores do estudo ressaltam a importância dos resultados nesse momento em que as escolas planejam reabrir e receber os estudantes. O embate tem envolvido governantes, pais, professores e donos de escolas particulares.
Foram avaliadas 192 pessoas com idade entre 0 e 22 anos internadas no Massachusetts General Hospital (MGH), a maioria crianças. Elas mostraram um nível significativamente mais alto do vírus em suas vias aéreas do que adultos hospitalizados em UTIs para tratamento com covid-19. A carga viral foi aindamais alta nos dois primeiros dias de infecção.
“Não esperava que a carga viral fosse tão elevada", disse Lael Yonker, diretora do MGH Cystic Fibrosis Center e principal autora do estudo. "As cargas virais dos pacientes hospitalizados são significativamente mais baixas do que uma 'criança saudável' que anda por aí com uma alta carga viral de Sars-CoV-2", afirmou.
Fazer exames sempre
Os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo sugerem que não adiantaria, em caso de retomada das aulas presenciais, confiar em sintomas ou medição de temperatura para identificar crianças infectadas.
Em vez disso, escreveram, as medidas devem minimizar a possibilidade de disseminação viral, incluindo distanciamento social, uso de máscara e / ou aprendizagem remota.
Além disso, os pesquisadores sugerem que as escolas façam testes em todos os alunos e de maneira rotineira.
“Sem medidas de controle de infecção como essas, há um risco significativo de que a pandemia persista e as crianças possam transportar o vírus para casa, expondo os adultos que têm maior risco de desenvolver doenças graves”, afirmam os pesquisadores. E fazem um alerta adicional: esse risco é ainda mais alto em comunidades de baixa renda, onde o tamanho da família pode ser maior, com pessoas de variadas faixas de idade morando no mesmo local, sem possibilidade de distanciamento.