Dezenas de milhares de pessoas se reúnem nesta segunda-feira (17) nos arredores do obelisco, em Buenos Aires, em protesto contra as medidas de isolamento decretadas pelo governo de Alberto Fernández, para contenção da pandemia do coronavírus.
A multidão pode ser considerada bem menor que as marchas que costumam fazer as forças políticas de esquerda e de direita no país, que costumam reunir centenas de milhares de pessoas, mas ainda sim podem ser qualificadas como um sucesso, considerando o contexto de pandemia que vive o país.
Esta não é a primeira manifestação contra as quarentenas convocada no país, mas é a primeira que consegue sucesso, já que as realizadas em maio e junho tiveram pouquíssima participação.
A diferença desta vez é o claro apoio dos meios de comunicação do Grupo Clarín, cuja hegemonia na Argentina é similar à da Globo no Brasil. Tanto no jornal El Clarín como nos canais de televisão Canal 13 e TN (canal de notícias) passaram os últimos dias defendendo as demandas dos grupos anti quarentena e incentivando a participação na marcha desta segunda.
O ex-presidente Mauricio Macri, que está em viagem pela Europa, também declarou seu apoio à manifestação, dizendo que “os argentinos que foram às ruas mostraram que o país está disposto a defender sua liberdade e a se rebelar contra o medo que o governo pretende instalar no país”.
A principal líder política por traz da organização do evento é Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança Pública durante o governo macrista, e atual presidenta do partido PRO (Proposta Republicana), criado por Macri.
O curioso da marcha é que muitos participaram dela dentro dos seus carros, como os grupos bolsonaristas nas carreatas realizadas em abril e maio deste ano. Aliás, a própria Patricia Bullrich, líder do evento, esteve presente no evento dentro do seu carro, sem se arriscar a sair e ter contato com os demais manifestantes.
Depois de meses de excelentes resultados no controle da pandemia do coronavírus, a Argentina começou a ter um aumento importante no número de contágios, chegando a 295 mil na atualidade – se espera que supere os 300 mil ainda nesta segunda.
No entanto, a política correta no começo da pandemia ainda mostra sua compensação para os argentinos, no que diz respeito à quantidade de mortes: o país tem apenas 5,7 mil óbitos até o momento, e já recuperou 217 mil contagiados, 74% do total.