Pesquisa revelada nesta quinta-feira (2) por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina aponta que o novo coronavírus pode ter chegado no Brasil bem antes do anunciado pelo Ministério da Saúde, em fevereiro.
Segundo reportagem do jornalista Johanns Eller, do O Globo, o Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC encontrou resquícios do vírus Sars-CoV-2 no esgoto de Florianópolis em amostras de novembro de 2019. A pesquisa foi conduzida em parceria com a Universidade de Burgos, da Espanha.
A pesquisa aponta que os primeiros registros de RNA do novo coronavírus foram encontrados em 27 de novembro, a partir de uma análise de coletas de esgoto que já eram feitas regularmente pelo laboratório. A concentração do vírus foi aumentando até março - data da última coleta antes do isolamento social.
Gislaine Fongaro, virologista e professora da UFSC, afirma que não há dúvidas sobre o vírus. "Nós quantificamos as cópias do genoma do vírus. Temos certeza de que é o Sars-CoV-2 pois existem alguns marcadores no genoma do vírus. Nós utilizamos marcadores independentes, ou seja, o método partiu da proteína S (spike) do vírus, outro utilizando a porção do genoma que codifica o envelope viral e também para a enzima RdRp (envolvida na replicação viral)", declarou ao O Globo.
Fongaro aponta que a descoberta não representa que o surgimento da pandemia foi no país, mas que ela começou antes do que se imagina. "Acredito que se todos nós conseguirmos acessar esgotos retroativos, a grande maioria vai encontrar o coronavírus. Não significa que foi no Brasil o primeiro lugar em que ele apareceu. Foi um dos primeiros países que avaliou e achou", disse ainda.
"Se a gente pensar que o vírus demora de cerca a 15 a 20 dias para criar uma infecção aguda, e, em dezembro, em Wuhan, na China, já tinha pessoas morrendo de Covid-19, é óbvio que o vírus já circulava na população muito antes disso", finalizou.