Programa de TV na Bolívia choca ao transmitir ao vivo a morte de um paciente de coronavírus

O jornalístico “No mentirás”, do canal PAT, exibiu durante mais de meia hora os trabalhos de reanimação em um homem que teve uma parada cardiorrespiratória, em um hospital de Santa Cruz de la Sierra

Cena do programa "No Mentirás", do canal boliviano PAT (foto: reprodução)
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A Ouvidoria Pública da Bolívia recebeu, nesta sexta-feira (19), uma denúncia contra os produtores do programa jornalístico “No mentirás”, do canal PAT, que transmitiu ao vivo a agonia e morte de um paciente de covid-19, em um hospital na cidade de Santa Cruz de la Sierra.

O homem sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma transmissão ao vivo do programa, cujo intuito inicial era mostrar o estado de abandono do hospital em meio à pandemia. A justificativa dos produtores do programa é que aquele momento era jornalisticamente pertinente para a pauta que o programa estava realizando naquele momento.

No entanto, a Ouvidoria Pública considera que houve “a falta de ética e responsabilidade” por parte do canal e da produção do programa de televisão.

A ombudsman do canal PAT concordou com a denúncia: “essas imagens não podem ser consideradas informações úteis para a sociedade (…) além de violar os direitos constitucionais e legais, prejudica a sensibilidade dos telespectadores como um todo”.

No meio jornalístico do país o caso também provocou uma chuva de críticas. A jornalista Fabiola Chambi, do jornal Los Tiempos de Cochabamba, publicou um tuíte dizendo que “não é apenas uma falta de respeito e humanidade, é também uma ação que deve ser sancionada”.

Já María Silvia Trigo, que também e jornalista, do jornal El Deber, escreveu um artigo onde critica o programa. “Que desrespeito pela família, pelos mortos. Perdemos muitas coisas com esse vírus, também a empatia”, manifestou a colunista, que aproveitou para convidar seus colegas de profissão a “fazer uma reflexão sobre a ética na profissão, a partir das lições que este caso tem que nos ensinar”.