Em anúncio surpreendente, o presidente chileno Sebastián Piñera revelou, na manhã deste sábado (13), a demissão do seu ministro da Saúde, Jaime Mañalich, em plena pandemia do novo coronavírus.
O anúncio foi uma surpresa porque, há exatos dez dias, quando o país já mostrava sinais de ter perdido o controle da pandemia, o presidente fez uma reforma ministerial que a imprensa local, minutos antes da revelação dos nomes, esperava que Mañalich seria a principal troca, e no entanto, Piñera acabou fazendo mudanças somente nos ministérios políticos, e manteve o responsável pela Saúde – que, além disso, é o médico particular da família Piñera, uma das mais ricas do país.
Contudo, analisando os números da pandemia no Chile, a mudança não é tão inesperada. Em algum momento, lá por meados de abril, o Chile de Piñera também foi mostrado como exemplo da contenção ao coronavírus, já que tinha menos de mil contágios e entre 10 e 15 mortes por dia. Cifras que levaram o presidente a lançar, na última semana de abril, um plano chamado “Nova Normalidade”, que visava retomar as atividades econômicas e contava com a luz verde do Ministério da Saúde.
Duas semanas depois, o número de contágios começou a se multiplicar rapidamente, e nos últimos dias, o país andino vem registrando uma média de 6 mil contágios e mais de 200 mortes diárias por covid-19. Já é o 13º país mais afetado do mundo pelo coronavírus, e se aproxima rapidamente dos 10 primeiros lugares, segundo o observatório da Universidade Johns Hopkins: está a menos de 20 mil casos para superar Turquia, Irã e Alemanha, com um crescimento diário que, se mantiver a tendência atual, deve colocar o país a alcançar esse patamar em menos de uma semana.
Além disso, a saída de Mañalich também acontece após a imprensa revelar uma polêmica sobre que o país estaria escondendo cerca de metade das mortes: segundo uma reportagem do meio Ciper Chile, o país teria informado à OMS (Organização Mundial da Saúde), que tem mais de 5 mil mortes por covid-19, apesar de que, no seu último informe local, publicado neste mesmo sábado, o total de mortes revelado para a cidadania foi de 3,1 mil.
O novo ministro da Saúde chileno será o médico Enrique Paris, que fez aparições recentes na televisão local atacando o Colegiado Médico do Chile, quando a presidenta desse organismo, Izkia Siches, fez duras críticas à política do governo para conter a pandemia.