De acordo com o jornal da USP, um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da faculdade mostra similaridade celular entre os pulmões, rins, testículos e epidídimos para buscar a presença do novo coronavírus no organismo.
O alvo principal do vírus são os pulmões, mas em cerca de 7% dos pacientes graves há também insuficiência renal, demonstrando que outros órgãos podem vir a ser portas de entrada para o vírus. Um grupo já detectou o vírus em testículo e glândulas salivares.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o professor Jorge Hallak, da FMUSP, pesquisador e coordenador do Grupo de Estudo em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados (IEA), disse que os pulmões possuem receptores presentes também nos testículos, epidídimos e rins.
“Ao estudar o porquê esse vírus entra nas células dos testículos, vamos tentar encontrar mecanismos que consigam inibir a ação do patógeno na célula. O paciente que está internado e não está grave pode, com o devido consentimento, ter o espermatozoide ejaculado e utilizado na pesquisa. Sendo uma célula que sai do corpo, não é preciso fazer biópsia ou outro exame invasivo”, disse o médico.
Hallak informa que o estudo também vai verificar em que estágio da doença o vírus aparece na ejaculação. Confirmada a presença no sêmen, o vírus poderá ser cultivado em laboratório para que seja analisada a sua viabilidade em outros fluidos.
Segundo ele, esse estudo tem grande relevância: “Já se conhecem alguns mecanismos de lesão no espermatozoide e nos testículos, e com a pesquisa poderemos, eventualmente, oferecer outro tratamento complementar para auxiliar na evolução dos pacientes no curto prazo”.
Hallak frisa que os homens são mais suscetíveis a chegar um quadro grave da covid-19, principalmente pelo fato de se prevenirem menos do que as mulheres e buscarem menos ajuda médica. “A interação do metabolismo desses indivíduos com fatores externos faz com que eles não tenham uma resposta imunológica ou inflamatória boa frente ao agressor.”