Exemplo de Bolsonaro, Suécia registra maior taxa de mortalidade por Covid-19 sem o isolamento social

Enquanto isso, a quarentena tem levado a Espanha a controlar o surto, com apenas 48 mortes e 344 novos contágios nas últimas 24 horas

Foto: Atalayar.com
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A Suécia, país usado como modelo de combate ao coronavírus pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro, se tornou o país do mundo com maior taxa de letalidade por covid-19 nos últimos sete dias. Não em números absolutos – já que isso seria quase impossível em um país de 10 milhões de habitantes –, mas sim em números relativos.

Considerando as mortes per capita, a Suécia teve 6,08 mortes por cada milhão de habitantes entre os dias 12 e 19 de maio. O índice é muito maior que dos três países com mais mortes no mundo, em números absolutos: no mesmo período, o Brasil teve 3,74 mortes a cada milhão de habitantes, o Reino Unido apresentou 5,57, e os Estados Unidos registraram 4,11.

Outro número que contraria a estratégia sueca é o índice de “imunidade de rebanho” alcançado. Segundo números da Agência de Saúde Pública da Suécia, apenas 7,3% da população de Estocolmo (capital e cidade mais habitada do país) conseguiu desenvolver anticorpos contra o novo coronavírus.

Lembremos que a estratégia da Suécia se baseia no chamado “isolamento seletivo”, no qual só são isoladas pessoas em grupos de risco (idosos acima de 60 anos e pessoas com doenças crônicas ou cardiovasculares), além de pessoas que são contagiadas e logo colocadas imediatamente em quarentena.

Assim, todas as pessoas podem continuar vivendo sua vida normalmente, e sem máscaras ou qualquer outro tipo de proteção. A ideia é fazer com que a maior quantidade de pessoas se contagie, e adquira a chamada “imunidade de rebanho”, que levaria ao fim do surto, pois funcionaria como barreira para a propagação do vírus. Exatamente isso é o que os números indicam que não está acontecendo em Estocolmo, já que os 7,3% de pessoas com anticorpos estão muito longe dos mais de 70% necessários para que a imunidade de rebanho possa ser real.

Espanha

Enquanto isso, na Espanha, após quase dois meses de quarentena, o país começa a voltar à normalidade, e os números mostram que o surto pode estar próximo de ser declarado como “controlado”.

Nas últimas 24 horas, o país ibérico teve 48 mortes, números bem distantes das mais de 900 em meados de março. Além disso, houve apenas 344 novos contágios e o sistema de saúde começa a voltar à uma certa normalidade. Ou, pelo menos, já é capaz de atender a todos os casos ainda ativos no país (cerca de 53 mil, segundo números da Universidade Johns Hopkins).

Este foi o quinto dia seguido em que a Espanha teve menos de 100 mortes diárias, e isso já com retomada parcial das atividades, incluindo algumas consideradas não essenciais.

Apesar do temos de uma segunda onda da pandemia – como também existe na, país onde o surto também já foi controlado –, o exemplo espanhol mostra que, novamente, a quarentena preventiva, medida repudiada pelo governo de Jair Bolsonaro, é a mais efetiva para controlar a propagação do vírus.