Especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, em reportagem na edição desta quarta-feira (8), acreditam que o auxílio de R$ 600 prometido pelo governo Jair Bolsonaro vai deixar de fora 21 milhões de trabalhadores, entre eles motoristas de aplicativos como Uber e 99, que viram o rendimento despencar por causa do confinamento para achatar a curva de propagação da doença.
Citando dados do Sebrae, o jornal diz que 6,3 milhões de microempreendedores individuais (MEI) se somam ao universo dos que ficaram de fora do programa. A maioria dos motoristas de aplicativos utilizam o MEI.
"A medida é bastante louvável e inclui cerca de 3,6 milhões de MEI que se enquadram no critério do governo. Claro que não chega a ser suficiente para atender ao universo atual, de quase dez milhões de microempreendedores individuais", disse Carlos Melles, presidente do Sebrae.
Para Tatiana Roque, professora da UFRJ e vice-presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, ao impedir o acesso de quem tinha emprego formal, o governo excluiu 15 milhões de pessoas. São os que têm emprego formal, mas estão no Cadastro Único do Ministério da Cidadania.
"Uma pessoa pode receber até três salários mínimos com emprego formal, mas vive em uma família numerosa e fazia bico para complementar a renda. Agora não poderá mais tentar uma renda extra e ficará mais vulnerável, sem auxílio", diz.